Chefe de gabinete da pasta quer desmobilizar invasões de escolas em SP.
Áudio de reunião cita arcebispo D. Odilo Scherer, que nega apoio ao projeto
Grupo
de estudantes mostra cartazes de protesto enquanto bloqueiam o
cruzamento da avenida Faria Lima com a avenida Rebouças, em ato contra a
reestruturação das escolas e contra o governador Geraldo Ackmin (Foto:
Marcelo S. Camargo/Framephoto/Estadão Conteúdo)
Em reunião com dirigentes de ensino, o chefe de gabinete da Secretaria
da Educação Fernando Padula Novaes, braço direito do secretário Herman
Voorwald, afirmou que o governo irá publicar nesta terça (1º) o decreto
que oficializa a reorganização do ensino no estado de São Paulo.
As ocupações ocorrem em protesto contra a reestruturação da rede de
ensino do governo Geraldo Alckmin e completam três semanas nesta
segunda-feira. O representante da secretaria disse no encontro que é
preciso organizar “ações de guerra”. Ele afirmou que existe a
necessidade de adotar “tática de guerrilha” para acabar com o movimento.
O encontro foi realizado neste domingo (29) na sede da pasta na Praça
da República, no Centro da capital paulista. O site Jornalistas Livres
acompanhou o encontro e divulgou o áudio da reunião,
onde a gestão prepara estratégias para desmoralizar as ocupações. Nesta
segunda (30), 190 unidades de ensino estavam ocupadas, segundo a
Secretaria da Educação - número abaixo do divulgado pelo Sindicato dos
Professores, que é de 204.
Na gravação, o chefe de gabinete repete inúmeras vezes que todos ali
estão “em uma guerra”. “A gente vai brigar até o fim e vamos ganhar e
vamos desmoralizar [quem está lutando contra a reorganização]”, afirmou.
Também no áudio, Padula fala sobre estratégias para isolar as escolas
com ocupações com maior resistência. “Nessas questões de manipular tem
uma estratégia, tem método. O que vocês precisam fazer é informar, fazer
a guerra de informação, porque isso que desmobiliza o pessoal”,
declarou.
Segundo ele, a ideia é ir realizando transferências e deixar “no
limite” a escola invadida. O chefe de gabinete ressaltou que o máximo é
que ocorrerá naquela escola é que “não começará as aulas como as
demais”.
O decreto que regulamenta a reorganização vai na contramão da proposta
de diáologo com os manifestantes do governador Geraldo Alckmin (PSDB).
Procurada pelo G1, a Secretaria Estadual da Educação não respondeu até a
publicação desta reportagem.
A Secretaria de Estado da Educação anunciou no dia 23 de setembro uma
nova organização da rede estadual de ensino paulista. O objetivo é
separar as escolas para que cada unidade passe a oferecer aulas de
apenas um dos ciclos da educação (ensino fundamental 1, ensino
fundamental 2 ou ensino médio) a partir do ano que vem.
A proposta gerou protestos de estudantes e pais porque prevê o
fechamento de 93 escolas, que serão disponibilizadas para outras funções
na área de educação. Além disso, pais reclamam da transferência dos
filhos para outras unidades de ensino.
O chefe de gabinete também afirmou que a polícia está fazendo fotos de
quem está nas ocupações e registrado as placas dos veículos estacionados
nas redondezas das escolas ocupadas para identificar se há carros da
Apeoesp, representantes de partidos e movimentos sociais. Após
identificar os proprietários, a Secretaria de Educação pretende entrar
com uma denúncia na Procuradoria Geral do Estado contra a Apeoesp.
D. Odilo reclama de ter nome citado
Durante a reunião, o chefe de gabinete diz que apelou até para o
cardeal arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, “A gente precisa
procurar todo mundo, não é?”, disse em tom de brincadeira, sobre o apoio
recebido do cardeal.
Em nota, a Arquidiocede de São Paulo confirmou encontro mas negou
declarações em apoio à reorganização da rede de ensino? "O Cardeal Odilo
Pedro Scherer lamenta que seu nome esteja sendo usado indevidamente
para justificar possível emprego de violência contra movimentos
estudantis que ocupam escolas estaduais em São Paulo. Confirmamos que,
procurado pela Secretaria Estadual de Educação, o arcebispo sugeriu que o
Governo explique a proposta de readequação do ensino no Estado e
esclareça a opinião pública", dfiz a nota.
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