Izabella Teixeira diz que impacto será grande, mas Abrolhos será poupado.
Para a titular da pasta do Ambiente, fauna do Rio Doce em Minas 'acabou'.
A mancha de lama proveniente do rompimento das barragens da mineradora
Samarco deve se espalhar por uma extensão de 9 km quando chegar ao mar,
após descer toda a calha do Rio Doce e desaguar na costa do Espírito
Santo.
A estimativa, feita pelo grupo de pesquisa do oceanógrafo Paulo Rosman,
da UFRJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), foi divulgada hoje
pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. O pesquisador aplicou
um modelo matemático aos dados de dispersão da lama no rio até agora.
"Os dados preliminares de dispersão indicam que a pluma de lama chegará
até 3 km ao norte e 6 km para o sul, porque as correntes marinhas ali
seguem para o sul", afirmou a ministra em entrevista coletiva nesta
manhã em São Paulo.
Segundo Izabella, essa previsão descarta qualquer possibilidade de
impacto ambiental da lama no arquipélago de Abrolhos (250 km ao norte da
foz do rio Doce) e nos manguezais da região de Vitória (120 km ao sul).
Pela alta concentração de biodiversidade, essas duas áreas eram as de
maior preocupação.
Região de estuário
Segundo a ministra, as áreas marinhas mais próximas à foz terão impacto grave em biodiversidade e recursos pesqueiros, e a maior preocupação é região de estuário, quando o rio passa perto de Linhares (ES).
Segundo a ministra, as áreas marinhas mais próximas à foz terão impacto grave em biodiversidade e recursos pesqueiros, e a maior preocupação é região de estuário, quando o rio passa perto de Linhares (ES).
"Ali tem recursos pesqueiros, tem crustáceos e tem fauna de bento
[leito]", afirma Izabella. "Vai ter impacto, mas estamos minimizando."
Segundo a ministra, já terminou a escavação de um canal na região para
tentar desviar a lama da área de desova de tartarugas de couro, espécie
ameaçada. Funcionários do projeto Tamar estão desde sábado recolhendo
ovos da área com previsão de impacto.
"Fizemos um trabalho de recuperação de espécies da ictiofauna [peixes] e
de répteis, que estão sendo capturados para assegurar depois a
possibilidade de reintrodução na natureza", disse.
Sem precedentes
Apesar dos esforços, Izabella diz que o derramamento de lama provocado pelas barragens da Samarco já é "a maior tragédia ambiental do país".
Sem precedentes
Apesar dos esforços, Izabella diz que o derramamento de lama provocado pelas barragens da Samarco já é "a maior tragédia ambiental do país".
"No trecho do Rio Doce em Minas, a ictiofauna na calha do rio principal
acabou" disse, explicando que fauna de fundo do leito já foi toda
levada pela lama. "Os peixes de superfície conseguiram migrar para
alguns rios tributários, mas estão morrendo, e a fauna ribeirinha também
foi impactada."
Segundo a ministra, naquela região, sobretudo na altura de Governador
Valadares, animais também estão sendo recolhidos para tentar mitigar a
perda de biodiversidade.
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