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Erich Beting
Qual
o atleta mais valioso do Brasil? A resposta a essa pergunta é quase
sempre difícil de ser respondida, ainda mais num mercado tão incipiente
como o brasileiro, em que quase não existe uma base para que saibamos
valores de contratos de patrocínio dos atletas e, muito menos, os
salários que cada um deles recebe.
Tudo isso, diga-se de passagem,
acho absolutamente benéfico. Não é de interesse público saber o quanto
um atleta acumula de fortuna. Mas para trazer um pouco de luz à
discussão de quão valioso está o mercado de gestão de carreiras de
atletas no país, finalizei há pouco um levantamento daqueles que seriam
os esportistas mais bem remunerados do Brasil levando em conta
patrocínios e licenciamento da marca.
E o que era apenas um
sentimento comprovou-se, na prática, ser verdade. Por incrível que
pareça, Ayrton Senna ainda é o atleta mais valioso do país depois de
Pelé, que naturalmente será sempre o líder nesse quesito.
Ayrton Senna
Levando-se
em conta apenas contratos de patrocínio e licenciamento de marca, Senna
consegue, mesmo 19 anos após sua morte, ser o segundo atleta mais
valioso do país.
Em 2012, segundo o balanço do Instituto Ayrton
Senna, a marca do tricampeão de Fórmula 1 movimentou R$ 21,3 milhões em
contratos de sublicença. O valor refere-se, segundo o IAS, à permissão
para utilização da imagem de Ayrton Senna e do próprio instituto e
da venda de produtos com a grife Senninha.
Sem a mesma
transparência na divulgação de resultados, mas com uma boa dose de
pesquisa com os patrocinadores e gestores das carreiras dos atletas, é
possível chegar ao desempenho dos outros.
Pelé, turbinado pela
aproximação da Copa de 2014 e por contratos globais de patrocínio, hoje
fatura cerca de R$ 70 milhões anuais com patrocínio e licenciamento de
marca. Depois vem Senna com os R$ 21 milhões. E, na sequência, Neymar
(cerca de R$ 20 milhões ao ano) e Ronaldo (entre R$ 15 e R$ 18 milhões).
Caso
estivesse vivo, Senna com certeza já estaria aposentado das pistas.
Mas, sem dúvida, estaria faturando milhões com publicidade para marcas,
sem falar no salário que receberia como consultor de uma escuderia de
Fórmula 1. Estaria, assim, muito mais próximo de Pelé do que de Neymar e
Ronaldo.
O resultado mostra um dado curioso sobre a incipiente
indústria esportiva no Brasil. Pelé e Senna são os únicos atletas
brasileiros que possuem um departamento de licenciamento de marcas. No
caso do Rei do Futebol, o acordo é internacional e gera relativamente
pouco em produtos com a marca Pelé. Mas, com Senna, é um setor que gera
praticamente metade das receitas do instituto que leva o nome do
tricampeão.
O licenciamento de marca é fundamental para que um
atleta que atingiu o topo faça fortunas. Só para se ter uma ideia,
Michael Jordan e Tiger Woods recebem respectivamente US$ 80 milhões e
US$ 30 milhões de acordos de licenciamento com a Nike. Da mesma forma
Usain Bolt, recentemente, fechou negócio para ser personagem do jogo
“Temple Run”, um dos mais baixados nas plataformas móveis. Maria
Sharapova é uma coleção de perfumes e tem até o seu estridente grito
durante os jogos licenciados para telefones celulares.
Ao chegar
no alto nível de rendimento e de engajamento das pessoas, todo atleta se
transforma, automaticamente, numa marca. Senna foi o ícone de quase uma
década no esporte brasileiro e, hoje, a marca Senninha vende mais de R$
2 milhões em artigos para crianças. Crianças que nunca sequer
acompanharam a performance dele nas pistas.
No ano que vem serão
completados 20 anos da morte de Senna. Naturalmente diversos eventos
serão realizados pelo IAS. E, logicamente, diversos novos produtos sobre
Ayrton serão criados, o que deve fazer o faturamento da marca aumentar
ainda mais.
No fim das contas, não é nenhum absurdo a marca Senna
movimentar R$ 20 milhões ao ano em contratos de licenciamento. Absurdo é
nenhum outro atleta no Brasil conseguir superar essa marca estando na
ativa…
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