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O delegado que cuida do caso disse que não acredita
na possibilidade de os quatro adultos terem sido mortos enquanto o
menino estava fora da casa.
Em São Paulo, a polícia aguarda o resultado de exames e da perícia para
concluir a investigação sobre a chacina na Vila Brasilândia. Até agora,
o filho do casal de policiais, um adolescente de 13 anos, é apontado
como o único suspeito.
De acordo com as investigações, ele teria assassinado os pais, uma avó e
uma tia-avó na segunda-feira (05) e se matado horas depois.
Essa primeira versão da polícia foi baseada na análise da cena do
crime, mas ainda há muitas dúvidas. Por exemplo: um menino de 13 anos
conseguiria dirigir o carro? Conseguiria também disparar uma pistola com
tamanha precisão? Por que as vítimas não acordaram e não reagiram?
Os investigadores querem saber se alguém da família ingeriu alguma
droga ou substância tóxica antes de morrer. Segundo a polícia, na casa
da frente estavam os corpos da mãe, do pai e do menino. No chão da sala
havia um colchão, onde foi encontrado o pai com um tiro na nuca. Do lado
direito, em uma ponta do colchão, ajoelhada, estava a mãe, também com
um tiro na nuca. Ainda do lado direito do colchão, próximo da mãe,
estava o menino, com um tiro do lado esquerdo da cabeça. Embaixo do
corpo dele havia uma pistola ponto 40.
Na outra casa do terreno foram encontrados no quarto os corpos da avó e
da tia. Cada uma em uma cama, com tiros na lateral da cabeça.
A perícia confirmou a pistola disparou os tiros que mataram as cinco
pessoas. A polícia de São Paulo voltou a apontar o filho do casal, de 13
anos, como principal suspeito e disse que as vítimas não reagiram e não
ouviram os tiros porque estariam dormindo.
A avó e a tia-avó teriam tomado remédio. “As duas estavam profundamente
adormecidas, talvez por uso de remédio contra depressão. Pelo menos uma
delas. E o pai, realmente ele estava dormindo de forma profunda,
também, naquela posição de descanso total”, declara Itagiba Franco,
delegado.
Repórter: Como o senhor pode afirmar categoricamente que eles estavam dormindo profundamente?
Delegado: Pela posição, pela posição. Extremamente plácidos, tranqüilos.
Delegado: Pela posição, pela posição. Extremamente plácidos, tranqüilos.
A polícia disse que foi encontrado um hematoma em um braço do menino e
vai apurar se pode ter sido feito por alguma das vítimas.
Repórter: Existe a possibilidade de esses quatro adultos terem sido mortos enquanto esse menino estava fora da casa?
Delegado: Não acredito.
Repórter: Por que?
Delegado: Pelas circunstancias já declaradas, a forma como ele agiu posteriormente aos fatos. Se ele tivesse presenciado qualquer coisa dentro da casa anormal, a primeira reação dele, acredito, seria procurar ajuda. Ele não fez em nenhum momento.
Delegado: Não acredito.
Repórter: Por que?
Delegado: Pelas circunstancias já declaradas, a forma como ele agiu posteriormente aos fatos. Se ele tivesse presenciado qualquer coisa dentro da casa anormal, a primeira reação dele, acredito, seria procurar ajuda. Ele não fez em nenhum momento.
Ainda não se sabe por que ocorreram as mortes. “Isso é uma pergunta que
eu estou me fazendo. Todos estão fazendo. E realmente não dá para
acreditar e não sei dizer o porquê. Talvez no desenrolar das
investigações vai surgir alguma informação de que ele estaria com algum
problema que os estava afetando e ninguém percebeu”, declara o delegado.
Como ainda há perguntas, o caso não está encerrado. No departamento de
homicídios que concentra as investigações do caso. O coronel Wagner
Dimas, comandante do batalhão onde a mãe de Marcelo trabalhava, disse
que ela ajudou em uma investigação contra policiais bandidos, e afirmou
que não estava confiante na versão de o menino matoa a família. Isso
muda alguma coisa nas investigações?
A cabo Andréia teria prestado essas informações na investigação contra
colegas dela, policiais do mesmo batalhão onde ela trabalhava, que
estariam envolvidos em roubo de caixas eletrônicos.
Aparentemente, pelas manifestações da Polícia Civil depois destas
declarações, isso não muda o curso das investigações. De qualquer forma o
delegado do Departamento de Homicídios, que conduz essa investigação
sobre a morte da família, disse que vai convocar esse coronel para
prestar depoimento. O depoimento deve acontecer entre esta sexta (09) e a
próxima segunda feira.
Depois dessas declarações dadas pelo coronel, o comando da PM divulgou
uma nota em que disse que não encontrou nenhuma denúncia em nome do cabo
Andreia, nem da corregedoria da PM, nem no próprio batalhão onde ela
trabalhava, e disse que vai instaurar um procedimento para investigar
essas declarações dadas pelo coronel.
À medida que a investigação avança, novos elementos vão sendo
encontrados. Havia uma dúvida, porque o adolescente, que é o único
suspeito dos crimes até agora, não tinha vestígios de pólvoras nas mãos,
e na quarta-feira (07) os policiais encontraram um par de luvas que
poderia ter sido utilizado por esse adolescente. As luvas estavam dentro
do carro da mãe dele. O carro que, também conforme a investigação,
chegou a ser usado pelo adolescente. Esse caso ainda depende muito dos
laudos dos peritos e dos legistas, que devem sair no máximo em 26 dias.
Vizinhos e parentes da família acreditam que Marcelo tenha cometido os
crimes. A diretora da escola onde ele estudava divulgou uma nota em que
relata que o menino era um bom aluno, mas também conta que a mãe afirmou
que ele sofria de uma doença degenerativa.
O portão da casa onde a família morava, na Zona Norte de São Paulo,
vivia fechado. E poucas vezes o adolescente de 13 anos era visto do lado
de fora.
“Nunca vi esse menino, nem sabia que ela tinha filho”, diz uma vizinha.
Os vizinhos dizem que os pais não deixavam Marcelo Pesseghini brincar
na rua por segurança, já que os dois eram policiais. O pai, Luís
Marcelo, era sargento da Rota, a tropa de elite da Polícia Militar, e
evitava entrar ou sair de casa fardado. A mãe, Andréia, era cabo da PM.
Como os dois trabalhavam fora, quem cuidava do adolescente era a avó materna. Dona Irene era próxima da família. Ela conta que dona Benedita era muito apegada ao neto.
Como os dois trabalhavam fora, quem cuidava do adolescente era a avó materna. Dona Irene era próxima da família. Ela conta que dona Benedita era muito apegada ao neto.
“Era uma avó que fazia inveja para as outras, de tão carinhosa”, diz Irene Leite da Silva.
Também era a avó quem esperava Marcelo na volta da escola onde estudava desde os cinco anos.
Nesta terça feira (06), a diretora do colégio divulgou uma nota. No
texto, ela conta que na matrícula, a mãe de Marcelo disse que estava
entregando a sua maior preciosidade. E que o garoto sofria de uma doença
degenerativa e que a expectativa de vida dele não passava dos 18 anos.
Marcelo também tirava boas notas e era considerado dócil e alegre.
Na segunda-feira (05) de manhã, o comportamento dele foi normal, com o
mesmo jeitinho carinhoso, sem nenhuma mostra de que estava em choque. "É
incompreensível, não houve indício que anunciasse nenhuma tragédia",
escreveu a diretora.
A família está muito assustada com os crimes e não quis gravar
entrevista. Mas o Bom Dia Brasil conversou com alguns parentes e eles
disseram que não acreditam que o adolescente tenha matado os pais, a avó
e a tia-avó. Eles contaram ainda que até pouco tempo atrás Marcelo
dividia o quarto com a avó, que era quem cuidava dele. E que tinha o pai
como um ídolo. Queria, inclusive, seguir a mesma profissão.
A suspeita da polícia de que Marcelo matou a família inteira também não
convence os vizinhos. Em uma rede social, um morador da rua pede mais
investigações. Em um dia, a comunidade "Não foi o Marcelo Eduardo Bovo
Pesseghini" recebeu mais de 1.300 apoios.
As aulas no colégio onde Marcelo estudava foram canceladas e só vão ser
retomadas na semana que vem. A direção disse que haverá profissionais
especializados para orientar professores, funcionários, pais e alunos
sobre como lidar com essa situação.
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