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sexta-feira, 23 de agosto de 2013

"Favela tour" ganha cada vez mais adeptos

Renata Gama
Do UOL, no Rio de Janeiro 
 



Com a pacificação dos morros do Rio, um tipo de passeio turístico diferente ganha força: o tour nas favelas. Seja conhecendo as comunidades por dentro ou do alto, visitantes brasileiros e estrangeiros têm procurado desbravar o lado B, cru e humano da Cidade Maravilhosa. Assim, Rocinha, Dona Marta e Complexo do Alemão - que ganhou um teleférico-, têm atraído mais e mais visitantes.


Marcelo Regua/UOL 
No teleférico do Alemão, a visão dos mares de morros tomados por algumas das comunidades é impressionante















O hit do momento tem sido justamente o teleférico, passeio no qual se tem uma visão impressionante dos mares de morros tomados por algumas das comunidades que mais sofreram com a violência no Rio. São quilômetros, a perder de vista, de aglomerados de casas. O circuito começa na estação de Bonsucesso, onde se pode chegar de trem a partir da Central do Brasil. É uma estação bem-estruturada, limpa, bonita e moderna. O preço da passagem para os visitantes é maior do que para os moradores.

De lá, se pega o bondinho onde cabem até oito pessoas. A cabine é confortável e toda envidraçada - se puder escolher, prefira as brancas, que não receberam etiquetas de publicidade que tampam parte da visão.

Os turistas podem fazer o passeio sozinhos ou com guias, que são contratados em um guichê na própria estação e cobram por pessoa. A visita guiada promete mostrar do alto os corredores por onde ocorreram os principais confrontos policiais durante a pacificação e também as lajes onde foram gravadas cenas da novela "Salve Jorge", que ajudou a tornar o meio de transporte dos moradores famoso e turístico.

São oito estações de Bonsucesso a Palmeiras, o ponto final, onde o desembarque é obrigatório. O percurso dura cerca de 15 minutos. Lá, há uma feirinha dos moradores, que vendem comidas e artesanato de sexta a domingo. Ali também há um grande mirante, de onde se pode ver a extensão do complexo de comunidades. Mesmo nos dias de semana, chegam grupos de turistas para conhecer o lugar.


As comunidades vistas de perto

Mas, se a ideia é conhecer as comunidades por dentro, agências de turismo receptivo oferecem passeios chamados "favela tour" para o morro da Rocinha, a maior comunidade do Rio, e para o morro da Dona Marta, famoso por ter servido de cenário a um videoclipe do Michael Jackson.

Marcelo Regua/UOL 
Turistas que visitam o teleférico do Alemão se divertem tirando fotos com policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora)


Uma van busca os turistas e os leva até a entrada das favelas. De lá, junto com um guia, o roteiro segue pelos principais pontos das comunidades passando por dentro dos becos e casas. E as lajes viram mirantes de onde se pode ver, de outros pontos de vista, as paisagens cariocas.

Na Rocinha, a primeira parada é para conhecer os trabalhos artesanais de moradores. Pinturas e camisetas produzidas por eles são expostas numa feirinha improvisada na calçada. Em seguida, a turma segue subindo as ladeiras, por entre os becos estreitos.

É um Rio sem cerimônia. O percurso da caminhada passa por corredores escuros, mesmo à luz do dia. É gente subindo e descendo ladeiras e escadarias o tempo inteiro. A visão é de pessoas em suas vidas cotidianas, indo e vindo, vencendo grandes distâncias dentro de um labirinto íngreme para chegar em casa, ao trabalho, ou estudar.

Como em grande parte as construções são precárias, em alguns trechos é necessário ter cuidado onde se pisa, para não molhar os pés no esgoto que escorre a céu aberto. Em outros, ao descer ou subir as escadas, o cuidado é com a cabeça, para não bater nas pontas de marquises construídas em altura baixa, ou com as mãos, para não esbarrar nos fios de alta tensão que se embolam sem proteção.

Os cheiros se destacam o tempo inteiro. Ora de comida boa sendo feita, ora do lixo acumulado na rua que demora a ser retirado pela carência de infraestrutura, ora das frutas maduras vendidas nas mercearias. 

Quem quiser, pode interagir com os moradores, donos das lajes feitas de pontos de parada e mirantes. Para entrar nas casas, é bom levar dinheiro trocado, para deixar a eles em troca de permitirem que estranhos adentrem em sua privacidade. Os guias também mostram as lanchonetes com os temperos mais famosos por preparar um bom salgado ou tomar um refresco.

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