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quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Rodoviários surpreendem a população e recolhem ônibus


De acordo com o Sindicato dos Rodoviários, paralisação foi necessária por causa de critérios de insegurança.

Foto: Douglas Júnior
 
Depois das 18h coletivos da Autoviária Matos
Após reunião realizada no início da tarde de ontem, a direção do Sindicato dos Rodoviários do Maranhão decidiu recolher a frota dos coletivos de São Luís, na noite de ontem, medida que deixou grande parte da população insatisfeita. Segundo a entidade representativa dos motoristas e cobradores de ônibus da cidade, a retirada dos veículos de circulação foi necessária, por causa do episódio ocorrido na noite de segunda-feira, dia 22, em São José de Ribamar, quando foi registrada uma tentativa de incêndio a um coletivo e a uma cobradora de ônibus. Hoje, a partir das 10h, haverá uma reunião na sede do Sindicato dos Rodoviários do Maranhão, na Rua Afonso Pena (Centro), para definir se os ônibus deixarão de circular novamente a partir das 18h, por tempo indeterminado.
A decisão de recolher a frota de coletivos - que partiu da diretoria do Sindicato dos Rodoviários do Maranhão, sem a convocação de assembleia - foi recebida com surpresa por usuários do transporte coletivo da capital maranhense. Nas repartições públicas municipais, estaduais, federais e privadas, além de instituições de ensino (como as escolas Liceu Maranhense e Cegel), lojas da Rua Grande e outros estabelecimentos comerciais, os funcionários foram liberados mais cedo. Às 17h, várias paradas de ônibus no Centro e adjacências estavam lotadas de pessoas à espera de ônibus.
Às 18h de ontem, horário previsto para o início do recolhimento dos ônibus na cidade, muitos coletivos ainda circulavam em alguns pontos de São Luís. "Por enquanto, ainda não recebemos nenhuma ordem da empresa para pararmos. Estamos aguardando. No momento, o que sei é que devo cumprir meu horário de trabalho", disse o motorista Raimundo José Machado, que conduzia no Centro um ônibus da linha Cohatrac/Bandeira Tribuzi.
Sem alternativa e temendo ficar sem transporte, muitos usuários de coletivos dividiram espaço com outros passageiros em veículos que saíam lotados dos pontos de espera. "Não vou pagar para ver. Vou é nesse aqui mesmo e seja o que Deus quiser", afirmou a doméstica Raimunda Lisboa Castro, moradora da Vila Embratel. Alguns passageiros utilizaram os táxis-lotação ou "carrinhos" para voltar para casa. "É barato e sei quando chegarei em casa hoje [ontem]. Já são mais de 18h e, pelo que estou vendo, vai ficar sem ônibus mesmo", disse o aposentado Francisco José Almeida, que reside no Anjo da Guarda e estava na Praça Deodoro aguardando por um coletivo.
Por volta das 18h30 de ontem, grande parte dos coletivos começou a se deslocar para as garagens das empresas. Na sede da Autoviária Matos, no Bairro de Fátima (ao lado da sede da Seic), quase toda a frota de ônibus estava na garagem às 18h45 de ontem. "Pelo que a gente ouviu do dono da nossa empresa, não iria parar não, mas, como estamos cumprindo ordens, decidimos parar", disse um motorista da empresa Autoviária Matos, que não quis ser identificado.
No Terminal de Integração da Praia Grande, às 19h15 de ontem, praticamente não havia mais nenhum ônibus circulando ou deixando passageiros no local. "Fui buscar a minha neta na escola, que fica no Renascença. Só soube da paralisação no meio do caminho. Isso é um absurdo, pois como vou voltar para casa agora? Alguém desse sindicato vai me levar para casa?", disse a dona de casa Marinete Moura, moradora do bairro Coroado, ao lado de sua neta, Angélica, de 7 anos.
Às 19h45, os poucos ônibus que ainda circulavam em ruas e avenidas da cidade foram para as garagens. Até o fechamento desta edição, não foi registrado nenhum caso de vandalismo envolvendo coletivos na capital maranhense.
Necessária - O presidente do Sindicato dos Rodoviários do Maranhão, Gilson Coimbra, definiu como "necessária" a paralisação da categoria, na noite de ontem. De acordo com ele, a medida foi tomada em comum acordo com outros membros da direção, pois se tratava de um caso "emergencial". "Como se tratava de um caso específico, decidimos tomar uma medida rápida, para proteger a categoria. Pedimos desculpas à população, porém é preciso saber que a decisão pensou no bem da nossa classe. A polícia é quem deve garantir o bem-estar das pessoas", disse.
Ele informou a O Estado que, apesar do acordo firmado entre a Secretaria de Segurança Pública e os rodoviários na segunda-feira, dia 22, o recolhimento dos ônibus foi necessário. "Foi feito um acordo, porém, como houve este episódio em São José de Ribamar, decidimos proteger a categoria", disse.
O coronel Marco Antônio Alves, responsável pelo Comando de Policiamento da Área Metropolitana (CPAM1) classificou como "desnecessária" a paralisação dos rodoviários, já que, de acordo com ele, a polícia deu todas as garantias de segurança para a população. " Não havia razão para parar. Mas respeitamos a decisão e vamos tomar todas as precauções para garantir o retorno seguro das pessoas e a vigilância de ruas e avenidas da cidade", disse.

Saiba mais

Para facilitar o deslocamento dos usuários do transporte coletivo até suas residências, a Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT) firmou acordo com o Sindicato dos Permissionários e Trabalhadores do Transporte Público Alternativo do Maranhão e permitiu a circulação de vans e microônibus em corredores da cidade onde normalmente esses veículos não circulam. De acordo com a SMTT, foram contempladas com o acordo as avenidas Jerônimo de Albuquerque, dos Holandeses, dos Africanos e Daniel de La Touche.

Números

700 mil é a quantidade de usuários do transporte coletivo na capital maranhense, de acordo com o SET
100% foi a adesão da frota ao recolhimento dos coletivos, de acordo com o Sindicato dos Rodoviários

Empresários têm prejuízos com ônibus queimados

Reposição desses veículos não é feita imediatamente, e usuários de coletivos da capital são penalizados.
Leandro Santos
Da equipe de O Estado
Os empresários do sistema de transporte coletivo de São Luís reclamam de prejuízos financeiros com a perda de alguns ônibus, que foram queimados recentemente em ataques os criminosos. O prejuízo seria de R$ 900 mil, segundo alegam. A população fica ainda mais prejudicada por não poder usufruir desses veículos, o que aumenta o tempo de espera nas paradas de ônibus.
Desde sábado, dia 20, até segunda-feira, dia 22, cinco ônibus foram queimados e inutilizados em ação de bandidos: um da empresa 1001 Expresso; um da Primor; e três da Gonçalves. Além disso, outro dois ônibus da empresa Viação Abreu foram parcialmente destruídos pelos bandidos em ataque na garagem da empresa.
Prejuízos - De acordo com o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de São Luís (SET), cada um dos coletivos totalmente destruídos estava avaliado em aproximadamente R$ 180 mil. Somados, o prejuízo alcança o valor de R$ 900 mil. Além disso, os empresários ainda terão de arcar com os custos para a manutenção naqueles coletivos que foram parcialmente avariados nos ataques criminosos.
A reposição desses veículos não é feita imediatamente e com isso os usuários de transporte coletivo da capital maranhense são penalizados com a falta de ônibus, comprometendo ainda mais a já deficiente frota da cidade. "O processo de aquisição de um carro novo demora aproximadamente quatro meses. Outro problema é que um carro parado não gera receita. Com isso, todo o sistema de transporte da cidade perde", disse o superintendente do SET Luís Cláudio Siqueira.
Aquisição - Em paralelo a essa situação, as empresas de transporte da cidade estão adquirindo novos veículos. A renovação da frota foi um compromisso assumido pelos empresários durante audiência realizada no dia 6 de junho deste ano no Tribunal Regional do Trabalho do Maranhão (TRT), que pôs fim à paralisação dos rodoviários, que se estendia por mais de duas semanas. Na ocasião, ficou decidido que seriam adquiridos 500 coletivos, sendo 250 até janeiro de 2015 e a outra metade ao longo do próximo ano.
Em cumprimento a essa decisão, no dia 13 de junho o SET encaminhou à Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT) um ofício que continha a relação das empresas que operam na cidade e a quantidade de novos ônibus que cada uma delas compraria. Até o momento, apenas a empresa 1001 Expresso adquiriu 10 novos coletivos enquanto que as outras ainda estão comprando os ônibus.

Número

R$ 900 mil é o prejuízo de empresários com coletivos queimados

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