De acordo com o Sindicato dos Rodoviários, paralisação foi necessária por causa de critérios de insegurança.
Foto: Douglas Júnior
Depois das 18h coletivos da Autoviária Matos
Após reunião realizada no início da tarde de ontem, a direção do
Sindicato dos Rodoviários do Maranhão decidiu recolher a frota dos
coletivos de São Luís, na noite de ontem, medida que deixou grande parte
da população insatisfeita. Segundo a entidade representativa dos
motoristas e cobradores de ônibus da cidade, a retirada dos veículos de
circulação foi necessária, por causa do episódio ocorrido na noite de
segunda-feira, dia 22, em São José de Ribamar, quando foi registrada uma
tentativa de incêndio a um coletivo e a uma cobradora de ônibus. Hoje, a
partir das 10h, haverá uma reunião na sede do Sindicato dos Rodoviários
do Maranhão, na Rua Afonso Pena (Centro), para definir se os ônibus
deixarão de circular novamente a partir das 18h, por tempo
indeterminado.
A decisão de recolher a frota de
coletivos - que partiu da diretoria do Sindicato dos Rodoviários do
Maranhão, sem a convocação de assembleia - foi recebida com surpresa por
usuários do transporte coletivo da capital maranhense. Nas repartições
públicas municipais, estaduais, federais e privadas, além de
instituições de ensino (como as escolas Liceu Maranhense e Cegel), lojas
da Rua Grande e outros estabelecimentos comerciais, os funcionários
foram liberados mais cedo. Às 17h, várias paradas de ônibus no Centro e
adjacências estavam lotadas de pessoas à espera de ônibus.
Às
18h de ontem, horário previsto para o início do recolhimento dos ônibus
na cidade, muitos coletivos ainda circulavam em alguns pontos de São
Luís. "Por enquanto, ainda não recebemos nenhuma ordem da empresa para
pararmos. Estamos aguardando. No momento, o que sei é que devo cumprir
meu horário de trabalho", disse o motorista Raimundo José Machado, que
conduzia no Centro um ônibus da linha Cohatrac/Bandeira Tribuzi.
Sem
alternativa e temendo ficar sem transporte, muitos usuários de
coletivos dividiram espaço com outros passageiros em veículos que saíam
lotados dos pontos de espera. "Não vou pagar para ver. Vou é nesse aqui
mesmo e seja o que Deus quiser", afirmou a doméstica Raimunda Lisboa
Castro, moradora da Vila Embratel. Alguns passageiros utilizaram os
táxis-lotação ou "carrinhos" para voltar para casa. "É barato e sei
quando chegarei em casa hoje [ontem]. Já são mais de 18h e, pelo que
estou vendo, vai ficar sem ônibus mesmo", disse o aposentado Francisco
José Almeida, que reside no Anjo da Guarda e estava na Praça Deodoro
aguardando por um coletivo.
Por volta das 18h30 de
ontem, grande parte dos coletivos começou a se deslocar para as garagens
das empresas. Na sede da Autoviária Matos, no Bairro de Fátima (ao lado
da sede da Seic), quase toda a frota de ônibus estava na garagem às
18h45 de ontem. "Pelo que a gente ouviu do dono da nossa empresa, não
iria parar não, mas, como estamos cumprindo ordens, decidimos parar",
disse um motorista da empresa Autoviária Matos, que não quis ser
identificado.
No Terminal de Integração da Praia
Grande, às 19h15 de ontem, praticamente não havia mais nenhum ônibus
circulando ou deixando passageiros no local. "Fui buscar a minha neta na
escola, que fica no Renascença. Só soube da paralisação no meio do
caminho. Isso é um absurdo, pois como vou voltar para casa agora? Alguém
desse sindicato vai me levar para casa?", disse a dona de casa Marinete
Moura, moradora do bairro Coroado, ao lado de sua neta, Angélica, de 7
anos.
Às 19h45, os poucos ônibus que ainda
circulavam em ruas e avenidas da cidade foram para as garagens. Até o
fechamento desta edição, não foi registrado nenhum caso de vandalismo
envolvendo coletivos na capital maranhense.
Necessária
- O presidente do Sindicato dos Rodoviários do Maranhão, Gilson
Coimbra, definiu como "necessária" a paralisação da categoria, na noite
de ontem. De acordo com ele, a medida foi tomada em comum acordo com
outros membros da direção, pois se tratava de um caso "emergencial".
"Como se tratava de um caso específico, decidimos tomar uma medida
rápida, para proteger a categoria. Pedimos desculpas à população, porém é
preciso saber que a decisão pensou no bem da nossa classe. A polícia é
quem deve garantir o bem-estar das pessoas", disse.
Ele
informou a O Estado que, apesar do acordo firmado entre a Secretaria de
Segurança Pública e os rodoviários na segunda-feira, dia 22, o
recolhimento dos ônibus foi necessário. "Foi feito um acordo, porém,
como houve este episódio em São José de Ribamar, decidimos proteger a
categoria", disse.
O coronel Marco Antônio Alves,
responsável pelo Comando de Policiamento da Área Metropolitana (CPAM1)
classificou como "desnecessária" a paralisação dos rodoviários, já que,
de acordo com ele, a polícia deu todas as garantias de segurança para a
população. " Não havia razão para parar. Mas respeitamos a decisão e
vamos tomar todas as precauções para garantir o retorno seguro das
pessoas e a vigilância de ruas e avenidas da cidade", disse.
Saiba mais
Para
facilitar o deslocamento dos usuários do transporte coletivo até suas
residências, a Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT)
firmou acordo com o Sindicato dos Permissionários e Trabalhadores do
Transporte Público Alternativo do Maranhão e permitiu a circulação de
vans e microônibus em corredores da cidade onde normalmente esses
veículos não circulam. De acordo com a SMTT, foram contempladas com o
acordo as avenidas Jerônimo de Albuquerque, dos Holandeses, dos
Africanos e Daniel de La Touche.
Números
700 mil é a quantidade de usuários do transporte coletivo na capital maranhense, de acordo com o SET
100% foi a adesão da frota ao recolhimento dos coletivos, de acordo com o Sindicato dos Rodoviários
Empresários têm prejuízos com ônibus queimados
Reposição desses veículos não é feita imediatamente, e usuários de coletivos da capital são penalizados.
Leandro Santos
Da equipe de O Estado
Os
empresários do sistema de transporte coletivo de São Luís reclamam de
prejuízos financeiros com a perda de alguns ônibus, que foram queimados
recentemente em ataques os criminosos. O prejuízo seria de R$ 900 mil,
segundo alegam. A população fica ainda mais prejudicada por não poder
usufruir desses veículos, o que aumenta o tempo de espera nas paradas de
ônibus.
Desde sábado, dia 20, até segunda-feira,
dia 22, cinco ônibus foram queimados e inutilizados em ação de bandidos:
um da empresa 1001 Expresso; um da Primor; e três da Gonçalves. Além
disso, outro dois ônibus da empresa Viação Abreu foram parcialmente
destruídos pelos bandidos em ataque na garagem da empresa.
Prejuízos
- De acordo com o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros
de São Luís (SET), cada um dos coletivos totalmente destruídos estava
avaliado em aproximadamente R$ 180 mil. Somados, o prejuízo alcança o
valor de R$ 900 mil. Além disso, os empresários ainda terão de arcar com
os custos para a manutenção naqueles coletivos que foram parcialmente
avariados nos ataques criminosos.
A reposição
desses veículos não é feita imediatamente e com isso os usuários de
transporte coletivo da capital maranhense são penalizados com a falta de
ônibus, comprometendo ainda mais a já deficiente frota da cidade. "O
processo de aquisição de um carro novo demora aproximadamente quatro
meses. Outro problema é que um carro parado não gera receita. Com isso,
todo o sistema de transporte da cidade perde", disse o superintendente
do SET Luís Cláudio Siqueira.
Aquisição
- Em paralelo a essa situação, as empresas de transporte da cidade
estão adquirindo novos veículos. A renovação da frota foi um compromisso
assumido pelos empresários durante audiência realizada no dia 6 de
junho deste ano no Tribunal Regional do Trabalho do Maranhão (TRT), que
pôs fim à paralisação dos rodoviários, que se estendia por mais de duas
semanas. Na ocasião, ficou decidido que seriam adquiridos 500 coletivos,
sendo 250 até janeiro de 2015 e a outra metade ao longo do próximo ano.
Em cumprimento a essa decisão, no dia 13 de junho
o SET encaminhou à Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes
(SMTT) um ofício que continha a relação das empresas que operam na
cidade e a quantidade de novos ônibus que cada uma delas compraria. Até o
momento, apenas a empresa 1001 Expresso adquiriu 10 novos coletivos
enquanto que as outras ainda estão comprando os ônibus.
Número
R$ 900 mil é o prejuízo de empresários com coletivos queimados
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