Candidata do PT concedeu entrevista gravada ao 'Bom dia Brasil'.
Segundo a presidente, política econômica está na 'defensiva'.
A presidente Dilma Rousseff, candidata do PT à reeleição, afirmou, em
entrevista gravada no domingo e transmitida nesta segunda-feira (22)
pelo “Bom dia Brasil”, que a política econômica atual está na
“defensiva” por causa da crise financeira internacional e que qualquer
mudança dependerá de uma melhora na economia dos Estados Unidos.
(Veja a íntegra da entrevista e leia a transcrição da entrevista em "Bom Dia Brasil entrevista Dilma Rousseff".)
“A gente tem de ver como que evolui a crise [...] Os Estados Unidos
evoluindo bem, eu acho que o Brasil pode entrar numa outra fase, que
precise de menos estímulos. Pode ficar entregue à dinâmica natural da
economia e pode, perfeitamente, passar por uma retomada”, afirmou aos
jornalistas Miriam Leitão, Chico Pinheiro e Ana Paula Araújo.
Segundo a presidente, apenas com a recuperação econômica de outros
países será possível adotar, no Brasil, uma política econômica
“ofensiva”. “Estamos numa situação em que o Brasil está na defensiva em
relação à crise internacional. Protegendo emprego, salário e
investimento. Essas três variáveis. Por quê? Porque vamos apostar numa
retomada. Na retomada você muda a política econômica de defensiva para
ofensiva.”
Dilma foi, então, questionada sobre o fato de o Brasil estar crescendo
menos que outros países da América Latina, como o Chile e a Colômbia. A
presidente respondeu dizendo que alguns países vizinhos estão "em
situação difícil". "O nosso maior importador aqui na região, que é a
Argentina, está numa situação bem problemática. 80% dos nossos
manufaturados vão para lá", afirmou.
A presidente destacou ainda que há uma "crise gravíssima" de desemprego
no mundo, afetando, sobretudo, os jovens. A jornalista Miriam Leitão
lembrou que a taxa de desemprego de jovens no Brasil está em 13,7%.
Dilma disse que a taxa média de desemprego no Brasil alcançou, em seu
governo, 4,9%. "Nós temos na PNE a menor taxa de desemprego de toda
série histórica, de 4,9%. Ninguém tem, no mundo, taxa de 4,9%", disse.
Banco Central
Na entrevista, Dilma criticou a proposta da candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, de dar independência ao Banco Central. Segundo ela, isso significaria criar um “quarto poder” no Brasil. Propaganda eleitoral da coligação de Dilma, veiculada em cadeia nacional de televisão, critica fortemente o trecho do programa de governo de Marina que pretende garantir autonomia, por lei, ao BC. No vídeo, o locutor diz que a candidata quer, com isso, dar "poder aos banqueiros" , inclusive para decidir sobre o "emprego e salários" da população.
Na entrevista, Dilma criticou a proposta da candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, de dar independência ao Banco Central. Segundo ela, isso significaria criar um “quarto poder” no Brasil. Propaganda eleitoral da coligação de Dilma, veiculada em cadeia nacional de televisão, critica fortemente o trecho do programa de governo de Marina que pretende garantir autonomia, por lei, ao BC. No vídeo, o locutor diz que a candidata quer, com isso, dar "poder aos banqueiros" , inclusive para decidir sobre o "emprego e salários" da população.
Perguntada pelos entrevistadores se esse tipo de peça publicitária não
teria o intuito de “gerar medo” nos eleitores em vez de debater
propostas, Dilma disse estar apenas “alertando” a população para os
efeitos das propostas da adversária.
“Tudo o que eu falo está no programa da candidata. A candidata diz: vou
tornar o Banco Central independente. Ora, Banco Central independente
nos termos do Brasil é colocar um quarto poder na Praça dos Três
Poderes. Aí vai chamar Praça dos Quatro Poderes. Está escrito isso. Mas
não é só isso. Ela diz que vai reduzir o papel dos bancos públicos”,
afirmou a presidente.
Na entrevista, a jornalista Miriam Leitão lembrou a Dilma que países
como Chile e Reino Unido colocaram em prática a proposta de um Banco
Central independente e os resultados foram positivos. A presidente,
então, disse que o BC no Brasil tem o papel de perseguir “única e
exclusivamente controle de inflação”.
Miriam Leitão destacou que esse controle não tem sido eficiente, já que
a inflação hoje está perto de ultrapassar o teto da meta. “O seu Banco
Central não tem conseguido [controlar a inflação]”, disse. “Nem eles
[Estados Unidos]”, respondeu Dilma.
A jornalista questionou a afirmação da presidente apresentando dados.
“Eles estão com inflação de menos de 2%”, disse. A presidente respondeu
dizendo que a “deflação” é também “preocupante”. Miriam Leitão ressaltou
que não se trata de “deflação”, já que não os Estados Unidos não estão
vivenciando inflação negativa, mas sim inflação em torno de 2%.
Dilma ponderou que todos os países têm dificuldade em alcançar o centro
das metas de controle de preços. “Hoje, no mundo, ninguém está
conseguindo cumprir todas as metas no ponto. Oscila. Lá também oscila”,
afirmou.
Petrobras
A presidente também falou, na entrevista, sobe as denúncias de um esquema de propina em contratos de empresas com a Petrobras. Dilma disse que irregularidades estão sendo descobertas porque o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu “mecanismos de autonomia” à Polícia Federal.
A presidente também falou, na entrevista, sobe as denúncias de um esquema de propina em contratos de empresas com a Petrobras. Dilma disse que irregularidades estão sendo descobertas porque o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu “mecanismos de autonomia” à Polícia Federal.
Segundo ela, antes do governo Lula “a Polícia Federal não saia
investigando o que lhe passasse pela cabeça”. “Fomos nós que descobrimos
[o esquema na Petrobras]. Foi a Polícia Federal, ligada ao ministério
da Justiça. A Polícia Federal integra o meu governo. É um órgão do
governo”, disse.
A presidente também foi questionada sobre a indicação de Paulo Roberto
Costa para a diretoria de Abastecimento da Petrobras, o que ocorreu no
governo do ex-presidente Lula. O ex-diretor da estatal está preso em
Curitiba (PR) por suspeita de participar do esquema e aceitou fazer a
chamada delação premiada em troca de redução da pena.
Dilma afirmou que Costa foi indicado para a diretoria porque reunia os
requisitos para o cargo. “O senhor Paulo Roberto tinha credenciais para
ser escolhido diretor. A descoberta que ele fez isso é uma surpresa,
porque eu, como quase todos os brasileiros, acredito que os funcionários
da Petrobras, de carreira, são pessoas testadas, investigadas.”
Educação
A presidente também foi questionada pelos jornalistas sobre o fato de o Brasil não ter cumprido as metas educacionais fixadas pelo Ministério da Educação para o final do ensino fundamental (6º ao 9º ano) e ensino médio, de acordo com o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
A presidente também foi questionada pelos jornalistas sobre o fato de o Brasil não ter cumprido as metas educacionais fixadas pelo Ministério da Educação para o final do ensino fundamental (6º ao 9º ano) e ensino médio, de acordo com o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
Dilma ressaltou melhorias nos primeiros anos do ensino fundamental, mas
reconheceu que o resultado para os anos posteriores de ensino ficou
aquém do esperado.
“No Ideb melhorou bastante os anos iniciais, do primeiro ao quinto.
Cumprimos direitinho a meta e nos superamos. Os anos finais do ensino
fundamental e ensino médio não estão bons. Não conseguimos entrar na
meta. Nos dois últimos anos do fundamental nos aproximamos. No ensino
médio, não nos aproximamos”, disse. Para reverter a situação, ela propôs
uma reforma no ensino médio, com alteração das matérias hoje
ministradas aos alunos.
Nota do Bom Dia Brasil
Após a gravação da entrevista, o Bom Dia Brasil esclareceu dúvidas sobre números levantados pela candidata Dilma Rousseff. Como afirmou Miriam Leitão, a taxa de crescimento projetada para a Alemanha neste ano, segundo a OCDE, é de um e meio por cento. A presidente Dilma se referiu ao crescimento naquele país no segundo trimestre deste ano, comparado ao segundo trimestre do ano passado, 0,8%. É um outro conceito, mas o dado também está correto.
Após a gravação da entrevista, o Bom Dia Brasil esclareceu dúvidas sobre números levantados pela candidata Dilma Rousseff. Como afirmou Miriam Leitão, a taxa de crescimento projetada para a Alemanha neste ano, segundo a OCDE, é de um e meio por cento. A presidente Dilma se referiu ao crescimento naquele país no segundo trimestre deste ano, comparado ao segundo trimestre do ano passado, 0,8%. É um outro conceito, mas o dado também está correto.
Sobre o desemprego entre jovens de 18 a 24 anos, a taxa é mesmo de
13,7%, segundo a Pnad, tal como afirmou Miriam. Ou seja, 13,7% dos
jovens nessa faixa etária que procuraram emprego não encontraram. A
taxa, como afirmou Miriam, não registra aqueles que estudam e não
procuraram trabalho.
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