Coronel Alexandre Fontenelle foi preso no dia 22, em operação conjunta.
Lista de bens inclui cobertura, casa em Búzios e imóvel na Zona Norte.
O Ministério Público identificou pelo menos três imóveis de luxo que
pertencem ao coronel Alexandre Fontenelle, ex-comandante das tropas de
elite da PM que foi preso semana passada, acusado de chefiar um esquema
de propina na região do 14º BPM (Bangu). Como mostrou o Bom Dia Rio
nesta quarta-feira (24), os promotores do caso pediram na terça-feira
que a Corregedoria Geral Unificada (CGU) da Secretaria de Estado de
Segurança, investigue também o patrimônio do atual comandante-geral da
PM, coronel José Luís Castro Menezes e de todo o Estado Maior da Polícia
Militar, a cúpula da corporação.
O patrimônio encontrado pelos promotores está avaliado em pelo menos R$
4 milhões. A lista de imóveis inclui uma casa de praia com piscina, uma
cobertura com mais de 300 metros quadrados e um outro apartamento.
Segundo o Ministério Público, Alexandre Fontenelle é o dono de tudo, mas
o nome dele só aparece na casa da Praia Rasa, em Búzios, na Região dos
Lagos.
De acordo com as investigações, um dos imóveis fica no Grajaú, Zona
Norte, e no papel pertence a uma irmã dele. O imóvel de cobertura em
fica em Jacarepaguá, na Zona Oeste, e tem 3 proprietários na escritura: a
mãe de Fontenelle e dois oficiais presos, major Carlos Alexandre Lucas e
o capitão Walter Conchone Netto. Ainda segundo investigações, o último
salário líquido de Fontenelle era de R$ 17 mil.
A CGU abriu um processo admnistrativo disciplinar e uma sindicância
patrimonial contra o comandante da PM, coronel José Luís de Castro
Menezes, o chefe do Estado Maior operacional da corporação, coronel
Paulo Henrique Azevedo de Moraes, e o chefe do Estado Maior
administrativo, coronel Ricardo Coutinho Pacheco.
A alta cúpula da PM foi denunciada como beneficiária de um suposto
esquema de cobrança de propina durante o depoimento de um policial que
aceitou contar como eram feitos os pagamentos. O depoimento ocorreu nos
dias 15 e 16 de setembro. O policial que fez a denúncia disse que
começou a participar do esquema de cobrança de propina em 2010, quando
trabalhava na unidade de trânsito no batalhão de Itaguaí, na Região
Metropolitana do Rio.
Segundo o depoimento, ele e outros agentes tinham a função de arrecadar
semanalmente propina para alguns oficiais do batalhão. A propina era
oriunda de acertos com cooperativas de vans, motoristas e proprietários
de ônibus piratas.
O delator contou aos promotores que ele e outro policial arrecadavam,
em média, R$7 mil por semana em propina. Os dois ficavam com R$ 1 mil e o
restante era entregue semanalmente nas mãos do capitão Walter Colchone
Neto. Nest período, o batalhão de itaguaí era comandado pelo coronel
Alexandre Fontenelle.
O policial declarou que entre os meses de setembro e outubro de 2010
toda a equipe foi removida para o 41º BPM (Irajá), pois o coronel
fontenelle tinha assumido o comando daquela unidade. Segundo ele, o
esquema de cobrança de propina acompanhou o grupo.
Ele afirmou ainda que também que arrecadava propina de bancos e que era
obrigado a entregar o dinheiro para o Major Neto. Segundo o Ministério
Público, se trata do Major Nilton João Neto, que fazia parte do comando
do 41º BPM (Irajá).
No depoimento, o policial revelou que na época a maior parte da
propina para os oficiais vinha das equipes de trânsito e que os agentes
desta equipe diziam arrecadar semanalmente entre R$ 15 e R$ 18 mil. De
acordo com o delator, R$ 750 ficavam com os praças da equipe.
No depoimento o policial revela que soube por meio de outros agentes
que os oficiais do batalhão comandado por Fontenelle recebiam
semanalmente uma quantia do tráfico de drogas. Somente a favela de
Acarí, no Subúrbio, pagaria cerca de R$ 20 mil. O delator acredita que o
dinheiro vinha do tráfico de drogas por causa do forte cheiro de
maconha nas cédulas.
Nos dois depoimentos, que somam 15 páginas, o policial diz que mais de uma vez teve acesso a informação de que o dinheiro da propina ia parar nas mãos do Estado Maior: a alta cúpula da PM. Numa dessas ocasiões, oficiais teriam confirmado a ele o pagamento. O PM disse que soube da informação do repasse de propina para a cúpula pelo Major Edson e pelo Major Neto, de maneira reservada, em mais de uma ocasião.
Nos dois depoimentos, que somam 15 páginas, o policial diz que mais de uma vez teve acesso a informação de que o dinheiro da propina ia parar nas mãos do Estado Maior: a alta cúpula da PM. Numa dessas ocasiões, oficiais teriam confirmado a ele o pagamento. O PM disse que soube da informação do repasse de propina para a cúpula pelo Major Edson e pelo Major Neto, de maneira reservada, em mais de uma ocasião.
Nesta época, o major Edson Alexandre Pinto de Góes também fazia parte
do comando do 41º BPM (Irajá). O policial afirmou também que já ouviu
dizer, não por oficiais, que naquela época todos os batalhões eram
obrigados a repassar a quantia de R$15 mil para o Estado Maior,
localizado no Quartel General da Polícia Militar, no Centro do Rio.
Mas não especifica o período em que ocorreu, segundo ele, o pagamento de propinas./
Mas não especifica o período em que ocorreu, segundo ele, o pagamento de propinas./
O policial disse que o único período em que não ouviu falar de repasse
de dinheiro para o estado mair foi quando a instituição foi comandada
pelo coronel Erir da Costa Filho. O coronel Erir comandou a PM entre
setembro de 2011 e agosto de 2013.
Ele contou aos promotores que em 2012 foi tranferido juntamente com o
majro Edson para o 14º BPM (Bangu), onde já estava o coronel Fontenelle.
Lá, uma vez por semana, de acordo com o depoimento, era chamado pelo
Major Edson para receber quantias que variavam entre R$7,5 mil e R$ 13
mil para depositar na conta pessoal do próprio major.
Na ocasião, o capitão Walter Colchone tinha sido preso acusado de ser
chefe de segurança do jogo do bicho. O policial disse que causou
perplexidade a ele e a tropa do 14º BPM (Bangu) o fato de, depois de
solto, Colchone ter sido lotado no Comando de Operações Especais,
chefiado pelo Coronel Fontenelle.
Na semana passada, o capitao colchone, o coronel fontenelle e outros 22
policiais militares foram presos na Operação Amigos S/A, acusados de
cobrar propina de comeriantes na Zona Oeste. O juiz responsável pelo
caso disse que o depoimento dado pelo policial confirmou a identificação
dos suspeitos e ajudou a entender como funcionava a divisão de tarefas e
hierarquias do grupo.
Com a delação premiada, o policial ganhou o direito de responder em
liberdade ao processo e pode ter a pena reduzida, em caso de
condenação.
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