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sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Trinta e seis detentos fugiram na quarta-feira do CDP de Pedrinhas

Polícia diz que plano para derrubar o muro foi organizado pelo PCM; um suspeito já está preso.
Ismael Araujo
Da Editoria de Polícia

Foto: Biné Morais
 
Operários iniciaram ontem a recuperação do muro
Trinta e seis foi o número de detentos que conseguiram fugir na noite de quarta-feira (10), após a ação ousada de membros da facção criminosa Primeiro Comando do Maranhão (PCM), na qual foi derrubado o muro dos fundos do Centro de Detenção Provisória (CDP), o Cadeião, em Pedrinhas, utilizando um caminhão-caçamba Ford prata, de placas NHJ 7045. Houve tiroteio durante a tentativa de fuga, com cinco presos baleados, segundo informações da Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP). Seis dos foragidos estavam no bloco Beta e 30 no bloco Alfa. O clima ainda ontem era tenso no presídio, com a movimentação de policiais e de parentes de internos.
Os operários contratados pela Secretaria de Justiça e Administração Penitenciária (Sejap) iniciaram ainda ontem, por volta das 8h, as obras de reconstrução do muro destruído pelos criminosos, sob proteção da Polícia Militar. Em nota, a Sejap informou que continuam hospitalizados no Hospital Municipal Doutor Clementino Moura, Socorrão II, na Cidade Operária, os detentos José Fernando Silva Lobato, de 22 anos; Antônio José Nunes Furtado, de 40 anos; Antônio Miguel Filho, de 25 anos, e Nailson Emmanuel Costa Silva, de 20 anos, feridos durante a contenção da fuga. Já Creilson Sodré Moraes, de 31 anos, que também foi ferido, recebeu alta ainda na noite de quarta-feira, após ter sido medicado, e retornou ao Complexo Penitenciário de Pedrinhas. Os internos hospitalizados não correm risco de morte.
Sem notícias - Na manhã de ontem, a cada instante chegavam familiares de internos ao Cadeião para saber informações sobre o fato ou até mesmo para fazer visita. “Eu fiquei sabendo da fuga por meio da televisão, mas até o momento não consegui nenhuma informação”, disse Maria Benedita da Silva, de 51 anos. O filho dela, Deybson da Silva, de 27 anos, está preso no CDP desde o mês de fevereiro pelo crime de formação de quadrilha.
Já Ana Karla Ferreira, de 30 anos, mesmo grávida de seis meses, foi saber notícias do irmão, Lucimário Ferreira, de 25 anos. Ele está preso há cinco anos no Cadeião pela prática de homicídio. Ela disse que chegou ao presídio às 8h e somente às 11h um monitor saiu, para informar que a visita de ontem seria apenas para os integrantes da facção criminosa Bonde dos 40. Em relação ao fato ocorrido na noite anterior, ele informou que não houve mortes e ainda estavam realizando a contagem dos internos para saber a quantidade de detentos que conseguiu fugir. “Irei esperar mais um pouco por mais informações, pois quero pelo menos saber os nomes dos que fugiram e dos feridos”, disse Ana Karla Ferreira.
Ação criminosa - O major Alessandro, que faz parte da Operação Pedrinhas, iniciada em dezembro do ano passado, explicou que a ação criminosa teve início às 20h. Cerca de quatro bandidos tomaram de assalto o caminhão-caçamba Ford, na Rua da Piçarreira, na Matinha, próximo ao cemitério, e fizeram o motorista, Vinaldo Silva, de 46 anos, refém e o obrigaram a dirigir o veículo até Pedrinhas. Outros criminosos seguiam o caminhão em um veículo Logan prata, de placas MXG-7364.
Na unidade prisional, os bandidos, armados com arma de fogo de grosso calibre, jogaram a traseira do veículo no muro dos fundos do presídio, próximo de uma guarita onde havia agentes penitenciários e monitores. Algumas celas já estavam serradas e presos armados começaram a fugir e ainda trocaram tiros com os agentes e a Polícia Militar.
Durante essa ação criminosa, um interno foi recapturado, trinta e seis entraram no matagal e cinco ficaram feridos. Naílson Manoel Costa Silva, atingido com um tiro na barriga; José Fernando Silva Lobato teve um corte na mão; Creilson Sodré Morais foi ferido na mão; Antônio José Neves, foi atingido na mão e Antônio Miguel Filho levou um tiro no tornozelo esquerdo, com fratura exposta.
Ainda de acordo com o major, após o fato foram mobilizados policiais militares, Força Nacional e o Grupo Especiais de Operações Penitenciárias (Geop). Esse efetivo começou a fazer incursões em Pedrinhas e na Região Metropolitana de São Luís.
Na madrugada de ontem, os policiais militares interceptaram o Logan na Estrada de Santana, região da Cidade Olímpica. Durante a abordagem, três criminosos fugiram, mas o condutor foi preso. Trata-se de Danley Rego da Conceição, de 19 anos, que portava um revólver calibre 38, com duas munições e um colete balístico da Polícia Civil.
O detido foi levado para o Plantão da Polícia Civil da Cidade Operária, onde foram tomadas as devidas providências. O major disse ainda que, no momento, além do policiamento que faz parte da Operação Pedrinhas, estão os militares de outros batalhões fazendo rondas pela cidade com o objetivo de prender o restante do bando. “Toda a polícia ficou em alerta desde que o caminhão foi tomando de assalto, pois, esse fato criminoso é atípico na capital. O policiamento foi reforçado, principalmente, com a realização de barreiras e blitz”, declarou o major.
Terror - “Vivemos uma noite de terror e pânico”, desabafou a aposentada Nora Sousa, de 70 anos, que mora na 2ª Travessa da Rua 2 da Vila Progresso, que fica atrás do Cadeião. Ela disse que escutou os gritos e os tiros. Algumas das balas chegaram a cair no telhado de sua casa. Ela teve que acalmar a sua filha, Danielly Sousa, de 21 anos, que está grávida de oito meses.
Outro morador, Lindomar Mendes, de 37 anos, disse que na noite de quarta-feira chegou a ver internos correndo no meio da rua, armados. Ao longo das vias das vilas Progresso e Cabral é comum encontrar casas com placa de venda. Os moradores afirmam que nos últimos meses não há como morar nessas localidades devido às constantes fugas nas unidades prisionais de Pedrinhas. “Vou ficar no bairro até vender a minha casa. Não temos mais como ficar em um local onde reina a insegurança”, disse Maria do Socorro Martins, de 45 anos.

Mais

O CDP tem capacidade para 408 detentos e atualmente está com 600. É um presídio com histórico de problemas. No dia 5 de dezembro do ano passado, ocorreu uma tentativa de fuga em massa. Um caminhão-guincho tentou derrubar o muro, mas não houve registro de fuga. No dia 3 de agosto de 2013, nove presos fugiram e parte deles foi resgatada por bandidos em um automóvel Corsa, branco, que derrubou o portão principal da unidade. Os presos do bloco Delta haviam serrado as grades das celas e, quando o portão estava no chão, correram para a área externa. Parte dos fugitivos entrou no carro, enquanto os outros correram para o matagal.

Número

36 foi o número de internos que fugiram do Centro de Detenção Provisória na noite de quarta-feira, após a ação audaciosa de integrantes do Primeiro Comando do Maranhão (PCM) que derrubaram o muro do presídio com um caminhão-caçamba.

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