Polícia diz que plano para derrubar o muro foi organizado pelo PCM; um suspeito já está preso.
Ismael Araujo
Da Editoria de Polícia
Da Editoria de Polícia
Foto: Biné Morais
Operários iniciaram ontem a recuperação do muro
Trinta e seis foi o número de detentos que conseguiram fugir na noite
de quarta-feira (10), após a ação ousada de membros da facção criminosa
Primeiro Comando do Maranhão (PCM), na qual foi derrubado o muro dos
fundos do Centro de Detenção Provisória (CDP), o Cadeião, em Pedrinhas,
utilizando um caminhão-caçamba Ford prata, de placas NHJ 7045. Houve
tiroteio durante a tentativa de fuga, com cinco presos baleados, segundo
informações da Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP). Seis
dos foragidos estavam no bloco Beta e 30 no bloco Alfa. O clima ainda
ontem era tenso no presídio, com a movimentação de policiais e de
parentes de internos.
Os operários contratados pela
Secretaria de Justiça e Administração Penitenciária (Sejap) iniciaram
ainda ontem, por volta das 8h, as obras de reconstrução do muro
destruído pelos criminosos, sob proteção da Polícia Militar. Em nota, a
Sejap informou que continuam hospitalizados no Hospital Municipal Doutor
Clementino Moura, Socorrão II, na Cidade Operária, os detentos José
Fernando Silva Lobato, de 22 anos; Antônio José Nunes Furtado, de 40
anos; Antônio Miguel Filho, de 25 anos, e Nailson Emmanuel Costa Silva,
de 20 anos, feridos durante a contenção da fuga. Já Creilson Sodré
Moraes, de 31 anos, que também foi ferido, recebeu alta ainda na noite
de quarta-feira, após ter sido medicado, e retornou ao Complexo
Penitenciário de Pedrinhas. Os internos hospitalizados não correm risco
de morte.
Sem notícias - Na
manhã de ontem, a cada instante chegavam familiares de internos ao
Cadeião para saber informações sobre o fato ou até mesmo para fazer
visita. “Eu fiquei sabendo da fuga por meio da televisão, mas até o
momento não consegui nenhuma informação”, disse Maria Benedita da Silva,
de 51 anos. O filho dela, Deybson da Silva, de 27 anos, está preso no
CDP desde o mês de fevereiro pelo crime de formação de quadrilha.
Já
Ana Karla Ferreira, de 30 anos, mesmo grávida de seis meses, foi saber
notícias do irmão, Lucimário Ferreira, de 25 anos. Ele está preso há
cinco anos no Cadeião pela prática de homicídio. Ela disse que chegou ao
presídio às 8h e somente às 11h um monitor saiu, para informar que a
visita de ontem seria apenas para os integrantes da facção criminosa
Bonde dos 40. Em relação ao fato ocorrido na noite anterior, ele
informou que não houve mortes e ainda estavam realizando a contagem dos
internos para saber a quantidade de detentos que conseguiu fugir. “Irei
esperar mais um pouco por mais informações, pois quero pelo menos saber
os nomes dos que fugiram e dos feridos”, disse Ana Karla Ferreira.
Ação
criminosa - O major Alessandro, que faz parte da Operação Pedrinhas,
iniciada em dezembro do ano passado, explicou que a ação criminosa teve
início às 20h. Cerca de quatro bandidos tomaram de assalto o
caminhão-caçamba Ford, na Rua da Piçarreira, na Matinha, próximo ao
cemitério, e fizeram o motorista, Vinaldo Silva, de 46 anos, refém e o
obrigaram a dirigir o veículo até Pedrinhas. Outros criminosos seguiam o
caminhão em um veículo Logan prata, de placas MXG-7364.
Na
unidade prisional, os bandidos, armados com arma de fogo de grosso
calibre, jogaram a traseira do veículo no muro dos fundos do presídio,
próximo de uma guarita onde havia agentes penitenciários e monitores.
Algumas celas já estavam serradas e presos armados começaram a fugir e
ainda trocaram tiros com os agentes e a Polícia Militar.
Durante
essa ação criminosa, um interno foi recapturado, trinta e seis
entraram no matagal e cinco ficaram feridos. Naílson Manoel Costa Silva,
atingido com um tiro na barriga; José Fernando Silva Lobato teve um
corte na mão; Creilson Sodré Morais foi ferido na mão; Antônio José
Neves, foi atingido na mão e Antônio Miguel Filho levou um tiro no
tornozelo esquerdo, com fratura exposta.
Ainda de
acordo com o major, após o fato foram mobilizados policiais militares,
Força Nacional e o Grupo Especiais de Operações Penitenciárias (Geop).
Esse efetivo começou a fazer incursões em Pedrinhas e na Região
Metropolitana de São Luís.
Na madrugada de ontem,
os policiais militares interceptaram o Logan na Estrada de Santana,
região da Cidade Olímpica. Durante a abordagem, três criminosos fugiram,
mas o condutor foi preso. Trata-se de Danley Rego da Conceição, de 19
anos, que portava um revólver calibre 38, com duas munições e um colete
balístico da Polícia Civil.
O detido foi levado
para o Plantão da Polícia Civil da Cidade Operária, onde foram tomadas
as devidas providências. O major disse ainda que, no momento, além do
policiamento que faz parte da Operação Pedrinhas, estão os militares de
outros batalhões fazendo rondas pela cidade com o objetivo de prender o
restante do bando. “Toda a polícia ficou em alerta desde que o caminhão
foi tomando de assalto, pois, esse fato criminoso é atípico na capital. O
policiamento foi reforçado, principalmente, com a realização de
barreiras e blitz”, declarou o major.
Terror
- “Vivemos uma noite de terror e pânico”, desabafou a aposentada Nora
Sousa, de 70 anos, que mora na 2ª Travessa da Rua 2 da Vila Progresso,
que fica atrás do Cadeião. Ela disse que escutou os gritos e os tiros.
Algumas das balas chegaram a cair no telhado de sua casa. Ela teve que
acalmar a sua filha, Danielly Sousa, de 21 anos, que está grávida de
oito meses.
Outro morador, Lindomar Mendes, de 37
anos, disse que na noite de quarta-feira chegou a ver internos correndo
no meio da rua, armados. Ao longo das vias das vilas Progresso e Cabral é
comum encontrar casas com placa de venda. Os moradores afirmam que nos
últimos meses não há como morar nessas localidades devido às constantes
fugas nas unidades prisionais de Pedrinhas. “Vou ficar no bairro até
vender a minha casa. Não temos mais como ficar em um local onde reina a
insegurança”, disse Maria do Socorro Martins, de 45 anos.
Mais
O
CDP tem capacidade para 408 detentos e atualmente está com 600. É um
presídio com histórico de problemas. No dia 5 de dezembro do ano
passado, ocorreu uma tentativa de fuga em massa. Um caminhão-guincho
tentou derrubar o muro, mas não houve registro de fuga. No dia 3 de
agosto de 2013, nove presos fugiram e parte deles foi resgatada por
bandidos em um automóvel Corsa, branco, que derrubou o portão principal
da unidade. Os presos do bloco Delta haviam serrado as grades das celas
e, quando o portão estava no chão, correram para a área externa. Parte
dos fugitivos entrou no carro, enquanto os outros correram para o
matagal.
Número
36
foi o número de internos que fugiram do Centro de Detenção Provisória
na noite de quarta-feira, após a ação audaciosa de integrantes do
Primeiro Comando do Maranhão (PCM) que derrubaram o muro do presídio com
um caminhão-caçamba.
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