Mãe do garoto criou blog para compartilhar experiências.
Vrajamany Rocha, de 11 anos, agora sofre com 'dor fantasma'.
Vrajamany Rocha, de 11 anos, voltou à escola, em São Paulo, nesta semana (Foto: Reprodução/TV Globo)
O garoto Vrajamany Rocha, de 11 anos, voltou à escola nesta semana. A
rotina de estudos foi retomada, mas agora a família busca uma nova etapa
na recuperação: Vrajamany já foi inscrito para tratamentos com
especialistas e psicólogos e um dos objetivos é a colocação de uma
prótese estética que ajude em seu equilíbrio.
Vrajamany teve o braço direito amputado depois de ter sido atacado por um tigre
no zoológico de Cascavel, no Paraná, em 30 de julho, quando fazia uma
visita ao pai dele, Marcos do Carlo Rocha. Em 7 de agosto, ele retornou a
São Paulo, onde mora com a mãe, na Zona Norte da cidade, e tenta
retomar a rotina de antes do incidente.
Segundo a mãe dele, Mônica Fernandes Santos, de 37 anos, o garoto sofre
com a chamada "dor fantasma", uma espécie de efeito colateral
psicológico decorrente da amputação do braço direito, mas está recebendo
apoio da família e de amigos de escola para superar o trauma.
Para compartilhar as experiências que está tendo com o processo de
recuperação e de adaptação do filho, Mônica criou um blog. Com cerca de
uma semana no ar, uma média de 500 internautas por dia entraram em
contato com Mônica pelo blog.
"Deram a sugestão de criar o blog para pedir doações, mas não achei
isso legal, não. Mas como muita gente vinha me perguntar como ele
estava, sobre a recuperação dele, achei que seria uma maneira direta e
informal para falar sobre isso", explicou Mônica.
Menino foi atacado quando entrou em área proibida
e tentou acariciar tigre (Foto: Reprodução/RPCTV)
e tentou acariciar tigre (Foto: Reprodução/RPCTV)
A quantidade de acessos e, consequentemente, de contatos, no entanto,
criou uma dificuldade a mais. "Em uma semana, foi um número absurdo de
contatos, e estou sem tempo para responder aos e-mails das pessoas.
Ainda mais agora, que estou tendo de me dedicar ao meu filho. Mas
estamos recebendo sugestões, inclusive sobre essa 'dor fantasma'",
contou.
Segundo ela, pouco depois da amputação, o filho não sofria tanto com
essas dores, que pioraram muito depois que ele voltou para São Paulo.
"As dores aumentaram tanto que se tornaram insuportáveis. Então, eu
decidi agarrá-lo por trás e pedi que ele massageasse o meu braço nos
pontos onde ele estava sentindo estas 'dores'. Isso ajudou a aliviar.
Experiências deste tipo que eu quero compartilhar com quem nos procura",
disse.
Mônica diz que o filho já foi inscrito e está passando por triagem na
Rede de Reabilitação Lucy Montoro do Hospital das Clínicas e deve
iniciar em breve uma série de tratamentos, como o psicológico, terapia
ocupacional, além de testes para a confecção e implantação de uma
prótese estética.
"Esta prótese é necessária para fazer o balanceamento do corpo, que ficou assimétrico após a amputação do braço", disse.
Aos poucos, Vrajamany está retomando a rotina. Nesta semana, por
exemplo, ele voltou à escola onde estuda. "Foi bastante emocionante
porque, mais cedo, antes de ele chegar, alunos de várias classes
deixaram recados de boas-vindas para ele. Os colegas se ofereceram para
ajudar e não ficaram fazendo perguntas nem o provocando sobre o que
aconteceu", contou Mônica.
A vontade de ajudar Vrajamany é tanta que, inclusive, tem gerado
disputas entre as colegas de classe, segundo a mãe. "Até achei graça
quando soube que as meninas estão brigando entre elas para ver quem o
ajuda nas lições." A direção da escola ofereceu um notebook para que
Vrajamany faça as lições, enquanto ele não aprende a escrever com a mão
esquerda.
Para Mônica, não é possível falar em "normalidade" diante do que
ocorreu e das consequências, mas o filho tem encarado todas as
dificuldades "olhando para frente". "Ele está se sentindo acolhido. Foi
ele mesmo que falou naquela entrevista (para o "Fantástico") que não
estava olhando para trás", concluiu Mônica.
Tigre que atacou Vrajamany no zoológico de Cascavel voltou a ser exibido no local. (Foto: Franciele John / G1)
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