Menina de um ano e oito meses foi encontrada ao lado do corpo da mãe, Paola Acosta, em caso que gerou repercussão no país.
Mãe e filha foram encontradas dentro de bueiro em Córdoba. (Foto: BBC)
O choro de uma criança de um ano e oito meses de idade ajudou a polícia
a localizar o seu paradeiro e o de sua mãe, desaparecidas havia dias na
província de Córdoba, no centro do país.
A menina, Martina, foi encontrada dentro de um bueiro ao lado do corpo
da mãe, Paola Acosta, de 36 anos, segundo os moradores e a polícia
local.
Elas estavam desaparecidas desde a noite da quarta-feira passada (17) e
foram localizadas no último domingo (21) quando moradores ouviram os
prantos da criança.
O caso causou comoção entre os argentinos e nesta quarta-feira (24)
ainda continuava entre os temas mais comentados nas redes sociais.
A tia de Martina, Mariana Acosta, publicou uma foto da mão da criança
apertando a dela no hospital onde a menina está recebendo tratamento
pelas horas que passou em contato com água e lixo, ao lado do corpo de
Paola.
Tia de Martina publicou foto segurando a mão dela no hospital. (Foto: BBC)
De acordo com os médicos que a atenderam, ela sofreu "um quadro
violento de hipotermia, além de fraturas e infecção decorrente do
contato com água poluída".
"Ela está consciente e com fome e devemos esperar para ver como seu
quadro evolui. Até o momento está estável", disse a médica do Hospital
de Niños de Córdoba, Fernanda Marchetti, onde a menina está internada.
Detetives do caso afirmaram que "o mais provável" é que elas tenham
sido levadas para o bueiro "muito depois" da morte de Paola. "A criança
não teria resistido tanto tempo naquele lugar e alguém já teria ouvido
seu choro", disseram os investigadores à imprensa local.
Suspeito preso
De acordo com a polícia e a imprensa argentina, Paola tinha saído de
casa com a criança nos braços para encontrar o ex-namorado, Gonzalo
Lizarralde, para receber dele a pensão alimentícia.
No dia seguinte, os outros dois filhos de Paola, de 14 e 16 anos, afirmaram à polícia que as duas não tinham voltado para casa.
Lizarralde, que é pai de Martina, foi preso a pedido do promotor do
caso. O advogado dele, Sebastián Maccari Gaido, disse aos jornalistas
que seu cliente é inocente. "Ele entregou o dinheiro a ela e foi
embora", disse Maccari Gaido.
Parentes da vítima contaram à imprensa local que Lizarralde teve um
namoro rápido com Paola. Exames recentes de DNA comprovaram que Martina
era filha dele.
No fim de agosto, Lizarralde pagou a primeira parcela da pensão
alimentícia e na quarta-feira, quando Paola e a filha sumiram,
Lizarralde deveria pagar a segunda parte.
Crimes passionais
O caso gerou manifestações públicas e colocou novamente no foco das atenções os crimes passionais na Argentina,
principalmente em Córdoba. De acordo com organizações dedicadas ao
assunto, Paola foi a 10ª vítima fatal de violência de gênero na
província.
A presidente da ONG Casa del Encuentro, Ada Rico, que auxilia vítimas
deste tipo de violência, disse à BBC Brasil que 1.256 mulheres foram
vítimas fatais de violência de gênero entre 2008 e 2013.
"O caso de Paola não foi o pior que já vimos, mas, sem dúvida, o que
nos causou a todos uma forte comoção pela crueldade. Crueldade de como
ela foi deixada (morta) e de sua filhinha deixada durante horas em um
bueiro. Foi crueldade demais", afirmou Rica.
Caso gerou manifestações na Argentina. (Foto: BBC)
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