Presidente do COB está preso desde a última quinta-feira (5), quando foi deflagrada a Operação Unfair Play - Segundo Tempo.
Cristina Indio do Brasil / Agência Brasil
RIO
DE JANEIRO - O juiz da 7ª Vara Federal Criminal Marcelo Bretas,
responsável pelos processos da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro,
acatou o pedido do Ministério Público Federal (MPF) no estado e
transformou de temporária para preventiva a prisão do presidente
afastado do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e do Comitê Organizador dos
Jogos Rio 2016, Carlos Arthur Nuzman.
Bretas
atendeu ainda ao pedido do MPF de prorrogação da prisão temporária de
Leonardo Gryner, ex-diretor do COB e do Comitê Organizador dos Jogos Rio
2016. Nuzman e Gryner estão presos desde quinta-feira (5), quando foi
deflagrada a Operação Unfair Play - Segundo Tempo, um desdobramento da
Unfair Play, que revelou a compra de votos para a escolha do Rio como
sede olímpica de 2016.
O prazo das prisões
temporárias expirava hoje (9), e, com a decisão do juiz Bretas, Nuzman
permanecerá detido por tempo indeterminado e Gryner por mais cinco dias.
Na
decisão, o juiz Bretas diz que, inicialmente, tinha decidido apenas
pelo depoimento de Nuzman com mandados de busca e apreensão. O
aprofundamento das investigações, no entanto, identificou mais
claramente a participação do dirigente esportivo no suposto esquema
criminoso de compra de votos, o que motivou o pedido da prisão
temporária na semana passada, além de nova busca e apreensão na
residência dele.
O juiz destaca ainda que o
objeto da investigação não se restringe à compra dos votos, que “seria
apenas mais uma etapa de outra empreitada criminosa, bem maior, levada a
efeito pela Organização Criminosa instalada na intimidade da
administração do estado do Rio de Janeiro. Como já exaustivamente
descrito nas decisões cautelares anteriores, às quais me reporto, a
escolha da cidade do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de
2016 teria criado a oportunidade adequada para a realização de várias
obras de grande porte neste Estado”, indicou.
Bretas
aponta ainda a evidência, por parte de Nuzman, de comportamento
“tendente a promover ocultação criminosa de bens e direitos, sob a falsa
aparência de regularidade fiscal”. Segundo o juiz, foram apreendidos
e-mails datados de 29 de setembro deste ano, após a deflagração da
Operação Unfair Play, em que o dirigente pede o pagamento, pelo COB, do
contrato de prestação de serviços advocatícios com o escritório Nélio
Machado Advogados, no valor de R$ 5.5 milhões.
Para
o juiz, isso mostra que, além de ter influência no Comitê, Nuzman usava
a entidade para pagamento de despesas pessoais, uma vez que o advogado o
defende. “Ao que parece, Carlos Nuzman estaria utilizando recursos do
Comitê Olímpico Brasileiro (COB) para fazer face a despesas pessoais, já
que o advogado Nélio Machado o representa pessoalmente nos processos
criminais em curso neste Juízo. O que resta evidente com a proximidade
entre o requerimento do pagamento a ser realizado e a deflagração da
Operação Unfair Play, além da referida “urgência” para efetivação do
pagamento dos honorários ao escritório de advocacia”.
Ainda
no despacho, Bretas intima o COB e o Comitê Organizador dos Jogos Rio
2016 para, no prazo de 24 horas, o conteúdo integral da caixa de email
da secretária do Comitê Olímpico, Maria Celeste de Lourdes Campos
Pedroso (maria.celeste@cob.org.br), que teria informações sobre
operaçoes realizadas por Nuzman. O juiz pede ainda que os dois comitês
esclareçam “as razões que levaram à impossibilidade da extração dos
dados na data de 5 de outubro de 2017, no momento do cumprimento do
mandado de busca e apreensão”.
Sobre a
prorrogação da prisão temporária de Leonardo Gryner, o juiz afirmou que
existe ainda grande quantidade de informações contidas em documentos e
no aparelho celular do ex-dirigente que estão pendentes de análise.
Nuzman
pediu afastamento do cargo na sexta-feira (6) passada, o que será
analisado em assembleia geral extraordinária na próxima quarta-feira
(11), às 14h30, na sede da entidade, na Barra da Tijuca. Na carta
encaminhada ao COB, Nuzman afirma que vai provar sua inocência e que não
poderia deixar o esporte olímpico brasileiro ser atingido pelos
acontecimentos e investigações que o envolvem, segundo ele,
"injustamente”.
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