Política
Com pedido de vistas, os deputados terão duas sessões para estudar o parecer.
Iolando Lourenço e Heloisa Cristaldo
BRASÍLIA
- Apresentadas as defesas contra a denúncia envolvendo o presidente
Michel Temer e os ministros Eliseu Padilha, da Casa Civil, e Moreira
Franco, da Secretaria-Geral da Presidência da da República, começa a
contar a partir desta quinta-feira (5) o prazo regimental de cinco
sessões para o relator, Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), apresentar o
parecer e colocá-lo em discussão e votação na Comissão de Constituição e
Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados.
O
presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), disse que até terça-feira
(10) o parecer de Andrada será apresentado na comissão. Com pedido de
vistas, os deputados terão duas sessões para estudar o parecer, que será
votado pela comissão, na semana seguinte ao feriado de 12 de outubro.
“Nós
vamos designar para a semana que vem, de acordo com a agenda do
deputado Bonifácio de Andrada, a sessão da CCJ para a leitura do
parecer. Uma vez lido esse parecer, os advogados de defesa terão prazo
igual ao que o relator fizer uso para fazer a sustentação oral da
defesa”, explicou Pacheco.
O deputado
reafirmou manterá a indicação de Bonifácio de Andrada para a relatoria
da denúncia na CCJ e disse que cumprirá “exatamente” o regimento da
Câmara, caso o relator seja retirado da comissão pelo partido. Nesse
caso, sendo de interesse do relator, ele poderá exercer o cargo se for
indicado na vaga de outro partido.
“Considero
que a escolha do Bonifácio está feita, ele é parlamentar ativo, membro
da Comissão de Constituição e Justiça. Não acredito que uma eventual
licença do partido seja im inibidor, do ponto de vista regimental, para
que ele relate a matéria. Mas vamos fazer essa avaliação. e pode ter
certeza de que tudo que for adequado regimentalmente nós vamos cumprir”,
acrescentou.
Repercussão
A
defesa dos acusados foi recebida nesta tarde pela comissão. Temer e os
ministros Padilha e Moreira Franco foram acusados pela
Procuradoria-Geral da República dos crimes de obstrução de Justiça e
organização criminosa. Para o advogado Eduardo Carnelós, que representa
Temer, a denúncia é uma “tentativa de golpe” e uma “das mais absurdas
acusações de que se tem notícia na história do Brasil”.
“Trata-se
de uma peça absolutamente armada, baseada em provas forjadas feitas com
objetivo claro, e até indisfarçado, de depor o presidente da
República”, disse. “[É uma] denúncia com tantos vícios, tantas
inconsistências, feitas sem suporte probatório. Não há nenhum documento
que possa demonstrar qualquer indício da prática de crime pelo
presidente da República”, completou Carnelós.
O
líder do PHS na Câmara, Diego Garcia (PR), rebateu a afirmação de
Carnelós e defendeu a investigação do presidente Michel Temer e dos
ministros. “Na verdade não foi golpe nenhum. O golpe foi o que essa
quadrilha, essa organização criminosa criada dentro PMDB fez e cometeu
contra o Estado e contra o povo brasileiro. Queremos a investigação –
isso é o óbvio – mas, infelizmente, nesse cenário, temos que defender
aqui na Casa o óbvio, que é a apuração desses fatos”, afirmou Garcia.
Para Garcia, há uma tentativa de enfraquecer a denúncia elaborada pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pouco antes de deixar o cargo. “Eles estão tentando fragilizar a denúncia, que é muito consistente e traz elementos novos, diferentes da primeira, como o avanço da própria investigação do Ministério Público. Traz um novo cenário dos acontecimentos que ocorreram entre a primeira e a segunda denúncias”, acrescentou o parlamentar. “É um dos nossos papéis principais a investigação, e não podemos impedir de que o presidente da República seja investigado. Ninguém está acima da lei no nosso país”.
Para Garcia, há uma tentativa de enfraquecer a denúncia elaborada pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pouco antes de deixar o cargo. “Eles estão tentando fragilizar a denúncia, que é muito consistente e traz elementos novos, diferentes da primeira, como o avanço da própria investigação do Ministério Público. Traz um novo cenário dos acontecimentos que ocorreram entre a primeira e a segunda denúncias”, acrescentou o parlamentar. “É um dos nossos papéis principais a investigação, e não podemos impedir de que o presidente da República seja investigado. Ninguém está acima da lei no nosso país”.
O
vice-líder do governo na Câmara, Beto Mansur (PRB-SP), disse que a
tramitação da denúncia deve ser acelerada na Casa e reiterou que o
pedido de investigação deve ser arquivado pela Câmara. "Nós devemos
votar isso com rapidez, até porque uma denúncia contra o presidente da
República mexe muito com o dia a dia na Câmara, e nós temos que tirar
isso da frente. Tenho certeza de que vamos vencer mais uma vez,
arquivando esta segunda denúncia”.
Para Beto
Mansur, as denúncias são totalmente inócuas, sem cabimento. "O
ex-procurador [Rodrigo Janot] trabalhou incansavelmente com sua equipe
para tentar derrubar o presidente. Foi uma grande conspiração que se fez
já na primeira denúncia e está se tentando na segunda denúncia, e o
Brasil não quer aceitar uma situação como essa”, concluiu.
Para
o deputado Carlos Marun (PMDB-MS), um dos principais interlocutores do
governo na Câmara, a denúncia será arquivada com placar mais favorável
ao presidente Temer do que o registrado na votação da primeira. Na
ocasião, o plenário da Casa registrou 263 votos a favor do parecer do
deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), o que levou à rejeição do pedido de
investigação de Temer. Houve 227 votos contra, duas abstenções e 19
ausências.
“A denúncia é frágil, e até diria
que é uma denúncia rançosa, tipo manteiga velha, apresentada por um
denunciante cada vez mais fragilizado. Eu tenho cada vez mais convicção
de que será recusada, rejeitada pelo Parlamento de uma forma até mais
tranquila do que a anterior”, afirmou Marun.
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