Denúncia contra Temer
Bonifácio de Andrada reclama do pouco tempo para analisar a peça acusatória da PGR.
Iolando Lourenço e Heloisa Cristaldo / Agência Brasil
BRASÍLIA
- O deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), relator da denúncia contra
o presidente Michel Temer e os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha,
e Moreira Franco, da Secretaria-Geral da Presidência da República,
informou hoje (5) que seu parecer sobre a matéria deverá ser entregue na
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara até terça-feira
(10).
Andrada tem reclamado do pouco tempo
que dispõe para analisar as mais de mil páginas que compõem a peça
acusatória elaborada pela Procuradoria Geral da República (PGR) e também
pelas defesas dos acusados. A denúncia acusa o presidente Temer e os
ministros de organização criminosa. O presidente também foi denunciado
por obstrução de Justiça. As defesas, apresentadas ontem (4) à CCJ,
rebatem as imputações da PGR.
“Meu trabalho
na CCJ é cansativo, tenho mais de mil páginas para olhar”, disse.
Segundo o parlamentar, duas equipes o auxiliam no trabalho da relatoria:
uma na Câmara e a outra composta por profissionais ligados diretamente a
ele.
Afastamento
O
deputado minimizou seu afastamento pelo PSDB da comissão. Para ele, a
Câmara e a CCJ estão acima dos partidos políticos. “Estou prestando
serviço, não reivindiquei o cargo. O partido encaminha como quiser”,
afirmou.
Segundo o deputado, o líder do
partido na Câmara, deputado Ricardo Trípoli (SP), apesar de ter sido
“delicado” ao conversar com ele, o retirou da comissão. A decisão foi
tomada após a reunião de que participaram lideranças do PSDB e o
presidente da sigla, senador Tasso Jereissati (CE). Trípoli encaminhou
ofício ao presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, comunicando a
retirada de Andrada da suplência da comissão.
“Em
política não há desrespeito e nem respeito. [O desligamento] foi um ato
político, da consciência dele. Não posso dizer que é antidemocrático, é
uma prerrogativa dele como líder”, afirmou Andrada. Para o deputado,
qualquer parlamentar que estiver na relatoria terá de lidar com
resistências e críticas, “mas terá de enfrentá-las”.
Após
a retirada do nome de Andrada pelo seu partido, o deputado se manteve
no cargo graças à indicação de seu nome para ocupar a vaga do deputado
Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) na comissão. Com isso, o deputado
continua como relator da segunda denúncia apresentada contra o
presidente Michel Temer, representando o PSC.
Apesar
de ocupar a vaga por outro partido, Andrada disse que não se sentia
traído pelo PSDB e afirmou que não pretende mudar de sigla. “Faz parte
do jogo político”, disse.
Andrada afirmou
que seu parecer sobre a denúncia será o resultado de estudos, reflexões,
análises de direito e de teses jurídicas. O deputado disse que não é
conveniente conversar com os advogados de defesa nem com a parte
acusatória.
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