Cerimônia foi em hospital de Botucatu (SP).
Doença surgiu um ano depois que os dois começaram a namorar.
Buquê, alianças, noivos, família, amigos e amor. O casamento de Michele
Alves de Oliveira e João Marcos da Silva teve todos os ingredientes de
uma cerimônia tradicional, não fosse pelo lugar onde aconteceu: dentro
de um hospital de Botucatu (SP). A união simbólica foi o último desejo do noivo, que morreu três dias depois, vítima de câncer em múltiplos órgãos. (Veja o vídeo acima)
O noivo descobriu há quatro anos que tinha câncer no abdômen. Após a
primeira cirurgia para tentar conter o avanço do tumor, ele pediu
Michele em casamento. No entanto, a doença continuou evoluindo e os
planos do casal foram adiados até o dia 30 de junho, quando a união
aconteceu, com direito a vestido branco, música e muita emoção.
Cerimônia foi acompanhada por parentes e médicos em Botucatu (Foto: Arquivo Pessoal/Michele Alves)
No corredor, a noiva usava um vestido branco curto e foi guiada até o
altar improvisado onde o noivo a esperava. Um painel foi fechado no
corredor para dar privacidade à cerimônia. João estava internado no
hospital havia três semanas quando ficou sabendo pelos médicos que teria
só mais alguns dias de vida. Ele resolveu, então, realizar o sonho de
se casar com Michele, com quem namorava há cinco anos.
O jovem passou por vários tratamentos e internações desde que descobriu
a doença. Na última passagem pelo hospital, em junho, os médicos
avisaram que ele precisaria passar por uma nova cirurgia, que João não
aceitou. “A equipe médica alertou que ele não teria muito tempo de vida,
mas, quando conversamos, ele me disse que só tinha um sonho para
realizar antes de morrer, que era se casar comigo", conta Michele.
A tão esperada união teve ajuda da equipe médica. “Ela saiu triste da
sala perguntando se seria possível casar dentro do hospital. Sabíamos
que não era fácil, nem comum, mas agimos com o coração”, lembra a
técnica em enfermagem Kelly Cristina da Silva, de 23 anos. Na sequência,
os funcionários fizeram uma "vaquinha", organizaram a festa que ficou
pronta em dois dias, com direito a bolo e salgadinhos, além da presença
de um pastor.
Cerimônia
Apesar de não ter tido tempo de planejar o casamento como a maioria das noivas sonha, Michele conta que o resultado no hospital foi marcante. “Foi tudo muito delicado, simples e bonito. Ele dizia que estava muito feliz e que eu estava linda”, lembra emocionada a noiva que cantava e segurava as lágrimas durante a celebração. (veja vídeo abaixo)
Apesar de não ter tido tempo de planejar o casamento como a maioria das noivas sonha, Michele conta que o resultado no hospital foi marcante. “Foi tudo muito delicado, simples e bonito. Ele dizia que estava muito feliz e que eu estava linda”, lembra emocionada a noiva que cantava e segurava as lágrimas durante a celebração. (veja vídeo abaixo)
Por conhecer o hospital e acompanhar a rotina os pacientes, Kelly
lembra que o cuidado e amor que a jovem tinha com o noivo surpreendeu os
profissionais. “Ela não saía de lá por nada, ficava até mais que a
mãe", afirma a enfermeira, que diz não estar acostumada a ver provas de
amor como esta. “Quando uma das duas pessoas está doente, o
relacionamento costuma não durar. Não é nem porque não existe amor, mas
muitos namoros e casamentos terminam porque aquele companheiro não quer
que o outro veja seu sofrimento", afirma.
Michele e João se casaram no hospital em
Botucatu (Foto: Arquivo Pessoal/Michele Alves)
Convidada 'por acaso'Botucatu (Foto: Arquivo Pessoal/Michele Alves)
Entre médicos, enfermeiras, parentes e amigos próximos do casal, uma das pessoas que acompanhava a cerimônia estava lá por um acaso. Uma funcionária administrativa do hospital passava pelo quarto do noivo, quando descobriu o que estava acontecendo e se tornou fotógrafa oficial da cerimônia.
“Achei que já tinha visto de tudo dentro de um hospital, e, de repente, vejo essa história bonita de amor acontecer e se realizar. Lindo demais", afirma a funcionária, que prefere não ser identificada.
A "fotógrafa" até postou em uma rede social sobre o quanto estava emocionada em participar daquele momento por acaso. “É impossível descrever a sensação que eu senti e sinto ainda ao pensar em tudo que passei ali naqueles 40 minutos. Deus sabe o quanto eu me segurei para não cair em lágrimas.”
Anos de namoro e dias de casamento
João morreu três dias depois da cerimônia que comoveu o hospital. Para a noiva Michele, o que fica são as lembranças dos bons momentos de anos de namoro e dos poucos dias de casamento. “Nunca o vi reclamando. Ele era divertido, extrovertido, animado, sempre brincalhão e tinha muita fé em Deus. É isso que eu vou guardar do meu noivo.”
Noivos celebraram apenas três dias de união
(Foto: Arquivo Pessoal/Michele Alves)
(Foto: Arquivo Pessoal/Michele Alves)
Durante o tempo em que acompanhou João no tratamento, Michele conta
ainda que muitas pessoas diziam que ela mantinha o relacionamento com
ele por pena. No entanto, ela faz questão de afirmar que permaneceu com o
namorado/noivo por amor e companheirismo.
"Mesmo enfrentando tudo isso, ele conseguia me fazer sentir a mulher
mais feliz do mundo", comenta. Apesar do triste fim da história de amor,
a noiva faz questão de contar a sua trajetória para inspirar outras
pessoas.
“Não podemos desistir nunca. O João falava para ter fé até o último dia
e nada de se abater ou desanimar diante de um sonho. Claro que eu
queria que ele estivesse aqui e a gente estivesse comemorando a cura
dele, mas acho que o casamento foi um conforto em meio à dor”, conclui
Michele.
Cerimônia foi o último desejo do noivo antes de morrer (Foto: Arquivo Pessoal/Michele Alves)
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