Sindicato avisou que, se não houvesse nenhuma proposta dos patrões, haveria paralisação geral a partir de hoje.
Jock Dean
Da equipe de O Estado
Da equipe de O Estado
Foto: Flora Dolores
Ônibus devem permanecer nas garagens
Nenhum ônibus nas ruas e avenidas. Assim São Luís amanheceu hoje,
primeiro dia de paralisação geral da categoria. Ontem, os rodoviários
chegaram ao quinto dia de greve, operando apenas uma parte da frota de
ônibus, mas, como não houve avanço nas negociações entre trabalhadores e
patrões, a categoria decidiu cruzar definitivamente os braços para
pressionar os empresários do setor a apresentarem uma proposta de
reajuste salarial.
A greve dos rodoviários teve
início à 0h da quinta-feira, dia 22. No dia anterior, a Justiça do
Trabalho já havia determinado que 70% da frota permanecesse em
circulação durante o movimento paredista. "Essa determinação da Justiça
enfraqueceu nosso movimento, já que 70% é muito próximo da frota normal
diária. Por isso, decidimos parar 100% a partir de amanhã [hoje]", disse
Gilson Coimbra, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em
Transportes Rodoviários do Maranhão (Sttrema).
À 0h
de hoje, os ônibus foram recolhidos às garagens das empresas e os
rodoviários foram orientados pelo sindicato a não ir para as garagens na
manhã de hoje. Com isso, as ruas e avenidas de São Luís amanheceram sem
os coletivos, que só voltarão a circular quando o sindicato dos
trabalhadores e o patronal chegarem a um acordo. "Amanhã [hoje], será o
primeiro dia de uma paralisação total, por tempo indeterminado.
Começamos a greve na semana passada e até agora não recebemos um contato
dos empresários. Por isso, vamos cruzar os braços de vez", afirmou
Gilson Coimbra.
Os rodoviários esperaram até o
início da noite de ontem que os empresários os procurassem para
negociar. Como isso não ocorreu, e apesar da determinação judicial, os
cerca de 740 mil usuários do transporte coletivo de São Luís ficarão sem
o serviço. "Não estamos no momento de procurar o empresariado para
negociar. Nós já fizemos isso. Agora é a vez deles nos procurarem e
oferecerem uma proposta, mas eles não querem negociar", disse Gilson
Coimbra.
Multa - O Sttrema já
foi multado em R$ 96 mil por descumprir a decisão do Tribunal Regional
do Trabalho (TRT), assinada pela desembargadora Ilka Esdra de Araújo,
que determinou a circulação de 70% da frota de ônibus, por considerar
que o serviço é essencial à população. "Nossa assessoria jurídica está
verificando essa questão, pois a multa aplicada leva em consideração as
24 horas do dia, mas o serviço não fica disponível por todo esse
período. Além disso, mesmo com a multa, chegamos a um ponto em que não
podemos respeitar mais a decisão judicial", informou o presidente do
Sttrema.
No fim da tarde de ontem, O Estado entrou
em contato, por telefone, com o Sindicato das Empresas de Transporte de
Passageiros de São Luís (SET), que manteve seu posicionamento, sem
nenhuma proposta aos rodoviários por falta de condições financeiras, já
que, segundo o SET, a Prefeitura, dona da concessão, não está oferecendo
condições de recuperação do sistema.
Mas o
secretário municipal de Trânsito e Transportes, Canindé Barros, voltou a
afirmar, ontem, que o Município já apresentou suas propostas para
recuperar o sistema de transporte coletivo da capital, que são a
extinção da tarifa social (conhecida popularmente como domingueira),
combate às fraudes no setor e a retirada de circulação dos
táxis-lotação. "O que o empresário quer é que nós aumentemos a tarifa e
continuemos a dar a compensação financeira de R$ 2 milhões que vinha
sendo paga, mas o Município não tem recursos para repassar dinheiro aos
empresários e, por enquanto, não aumentaremos a tarifa de ônibus",
afirmou.
Até o fechamento desta edição, às 20h30, o
Sttrema mantinha sua decisão de que nenhum ônibus deixaria as garagens a
partir de hoje, radicalizando a greve dos rodoviários.
Quinto dia de greve teve 70% da frota em circulação
Ontem
foi o quinto dia da greve dos rodoviários, em São Luís. Como vinha
ocorrendo desde a quinta-feira, quando teve início o movimento, uma
parte da frota estava sendo mantida em circulação para atender a
população, conforme determinação da Justiça do Trabalho. Com o anúncio
de greve geral a partir de hoje, os usuários ficaram preocupados em como
vão cumprir compromissos já que a cidade ficará sem ônibus.
Na
manhã de ontem, um carro de som circulava pelo centro de São Luís,
informando a população sobre a greve geral. "Eu não sei o que vou fazer.
Um dia ou dois a gente até pode gastar com táxi, mas, se a greve durar
mais que isso, vou ter de deixar de ir trabalhar", disse a secretária
Renata Martins.
Para a dona de casa Eliana
Carvalho, que mora no Anjo da Guarda, sair de casa está fora de
cogitação nos dias de paralisação total do serviço de transporte
coletivo. "Só vou sair de casa se for realmente necessário, porque não
tenho condições de arriscar sair de casa durante uma greve, além disso,
eu não gosto de usar os carrinhos [táxi-lotação] e um táxi do Anjo da
Guarda para qualquer lugar é muito caro", disse.
Apesar
de Eliana Carvalho não usar os táxis-lotação, os motoristas que
oferecem o serviço estão animados com a possibilidade de lucro extra.
Segundo eles, nos primeiros dias de greve movimento foi o normal, já que
ainda havia muito ônibus circulando pela cidade, mas sem os coletivos,
eles serão a principal opção de transporte para muitos. "Com certeza
vamos dobrar o número de viagens que fazemos diariamente, até porque a
gente cobra um preço bem barato, apenas R$ 2,00", informou Kfé Prata,
presidente da Cooperativa dos Transportes Alternativos da Área
Itaqui-Bacanga.
Segundo a Secretaria Municipal de
Trânsito e Transportes (SMTT), ontem, 70% da frota de ônibus circulou em
São Luís. Apesar disso, os usuários de transporte coletivo reclamaram
da demora. A enfermeira Thaís Bezerra chegou ao Terminal de Integração
da Cohama às 7h, mas até às 9h nenhum ônibus com destino à região do
Renascença, onde ela trabalha, havia passado. "Estou no terminal há mais
de uma hora e não passou nenhum ônibus, principalmente para a região
que eu vou pegar. Todas as plataformas estão assim, lotadas", disse.
Mais
Os
rodoviários pedem 16% de aumento salarial; reajuste do
tíquete-alimentação para R$ 500,00; inclusão de um dependente no plano
de saúde e implantação do plano odontológico.
Números
4.500 rodoviários trabalham no sistema de transporte coletivo de São Luís
740 mil pessoas dependem do transporte coletivo em São Luís
1.107 veículos é a frota operante da capital
25 empresas exploram o serviço de transporte de passageiros na capital
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