Na série Pedra no Caminho, você vai ver que Wanessa quase precisou interromper a gestação. Fabrícia conta como enfrentou a perda de cabelo.
“Eu já estava ciente disso, que o cabelo realmente iria cair, por isso
eu cortei ele antes. Mas eu pensava que ia demorar um pouco mais pra
cair assim do jeito que está caindo”, contou Fabrícia.
Drauzio: Essa modificação na aparência física, que consequências traz para o dia a dia?
Maria Carolina Brando, psico-oncologista: Elas começam a se isolar.
Elas não querem encontrar os amigos da sua roda, da sua rotina. Muitas
comentam que não ficam sem lenço ou a peruca na frente do próprio
companheiro, do próprio marido.
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A dor que o diagnóstico de câncer provoca é agravada pela mudança da
imagem - o inchaço do rosto, a queda dos cabelos e até das sobrancelhas
abalam a autoestima da mulher. As transformações da aparência fazem
parte do tratamento, do processo de cura. E o mais importante: são
temporárias.
Como a quimioterapia ataca as células que se multiplicam mais depressa,
destrói também as que estão na raiz do cabelo, responsáveis pelo
crescimento dos fios. Assim que o tratamento termina, elas voltam a se
multiplicar, e o cabelo renasce; até mais forte do que antes.
“Nem precisa fazer esforço nenhum, já vai caindo tudo. Não é uma sensação agradável”, contou Fabrícia.
“Eu senti que ele começou a cair muito e eu passei a máquina zero. Aí fiquei carequinha, carequinha”, disse Wanessa.
Em Curitiba, Wanessa também passou pela mesma situação que Fabrícia. Mas agora é a segunda vez.
Wanessa descobriu o tumor com apenas 19 anos. Fez todo o tratamento,
começou a trabalhar, conheceu o Bruno e imaginou que, depois do câncer,
jamais engravidaria. Mas teve uma surpresa.
“Falei ‘Bruno, a minha menstruação está atrasada’. Daí, ‘ah, você está
grávida!’, ‘não estou grávida, Bruno. Não tem lógica estar grávida’”,
relembrou Wanessa.
Mulheres tratadas de câncer de mama podem, sim, engravidar. E também
amamentar. Mas junto com a gravidez de Wanessa, outra surpresa. Na
primeira consulta de pré-natal, ela mostrou ao médico uma ferida extensa
no mesmo seio afetado 11 anos antes. A doença tinha voltado, de forma
agressiva. A vida da mãe corria perigo.
“Ele pegou e falou assim: ‘a gente vai ter que interromper a sua
gestação porque a quimioterapia e a gestação não vão dar certo’”, contou
Wanessa.
“Daí eu falei pra ele: ‘tem certeza que eu preciso mesmo fazer isso?’
Ele falou assim: ‘a gente precisa salvar a tua vida’. Uma doença tão
ruim. E ao mesmo tempo uma alegria tão grande. Tipo estar num estado de
graça e lidar com a vida e a morte”, relembrou a manicure.
Ela chegou a se internar para fazer o aborto. Mas pouco antes da
cirurgia, o ultrassom mostrou que a gravidez já tinha oito semanas. Se
aguardasse mais um mês, haveria esperança.
“Nesses casos, você tem que esperar 12 semanas para esperar a maturidade fetal”, explicou a oncologista João Carlos Simões.
Wanessa poderia realizar o sonho de ter uma menina.
“Saber que não ia ser interrompido era a melhor notícia da minha vida”, confessou Wanessa.
O tratamento será concluído depois que a criança nascer. A preocupação de Wanessa é com os efeitos colaterais.
As drogas que a mãe recebe através da corrente sanguínea também atingem
o feto. Mas as células dele são jovens e se recuperam rapidamente. Não
há risco de malformação.
No último exame antes do parto, Wanessa manifesta as mesmas
preocupações das mães de primeira viagem. E uma curiosidade a mais: “Dá
pra ver, se tem cabelo ou não?”.
“Vocês estão com 36 semanas e quatro dias. O tamanho dela é de 35
semanas. Está superbem, a placenta está normal. Se tem cabelos? Tem
bastante cabelo, Wanessa. Um monte! Cabelo na cabeça inteira”, respondeu
a médica de Wanessa.
“Isso é a prova que a quimio não afeta nem o cabelo dela”, comemorou Wanessa.
Um dia antes do parto, Wanessa começou a ficar mais animada: “Acho que
agora está caindo a ficha de estar aqui. A primeira vez que eu vim aqui
foi pra me internar pra interromper a gestação e agora é pra ter a
Laurinha! É muita felicidade!”
Drauzio: As mulheres normalmente têm muito medo da quimioterapia. E você grávida, teve mais medo ainda?
Wanessa: Com certeza. Eu tive medo com relação ao bebê. Não com relação a mim, porque eu já sabia o que eu ia passar.
Drauzio: Existe uma grande experiência na literatura
de quimioterapia, em mulheres grávidas, com câncer de mama e sem nenhuma
lesão pro feto quando a quimioterapia se inicia a partir do segundo
trimestre.
No dia do parto, Wanessa admitiu estar ansiosa e com medo.
Drauzio: Tem alguma preocupação em saber se ela tem algum problema por causa do tratamento ou não?
Wanessa: Eu tenho. Vou ser bem sincera, tenho. Por
mais que os médicos falem que não, a gente viu na ecografia que não, mas
assim, enquanto eu não pegar no colo, ter certeza que é perfeitinha,
acho que daí que eu vou ficar tranquila.
Como a quimioterapia pode acelerar o envelhecimento da placenta, os
médicos decidiram antecipar a cesariana. Laura nasce com 47 centímetros e
pesa 2,7 kg. É uma menina saudável.
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