Rafaela, feita refém num ônibus, telefonou cinco vezes pedindo socorro.
Homem que manteve passageira e motorista no veículo foi preso.
Rafaela Lobo, que foi feita refém
(Foto: Fernanda Rouvenat/G1)
Rafaela Lobo, a jovem de 17 anos que foi feita refém dentro de um
ônibus da linha 723 junto com o motorista, Júlio César Pereira, na tarde
deste sábado (10) telefonou cinco vezes para o pai pedindo socorro,
avisando sobre o sequestro, mas em todas ele desligou. Na 39ª DP
(Pavuna), para onde os reféns e o sequestrador Paulo Alberto Ferreira da
Silva, de 32 anos, foram levados ao fim do sequestro, o próprio pai de
Rafaela, Jorge Luís, confirmou que achou que se tratava de um trote.
Somente quando recebeu ligações de amigos é que acreditou que a filha
estava em situação perigosa.
(Foto: Fernanda Rouvenat/G1)
Rafaela mora em Anchieta, no subúrbio, e estava voltando do curso de inglês, em Vila Valqueire, na Zona Oeste, segundo contou o pai. Os reféns não se feriram.
Paulo Alberto, morador da Mangueira, na Zona Norte, sequestrou um ônibus e fez a passageira e o motorista reféns na tarde deste sábado. Ele tentava assaltar o ônibus, mas policiais que faziam o patrulhamento da Avenida Brasil notaram a movimentação suspeita e interceptaram o veículo na altura do shopping Guadalupe, no subúrbio.
Os passageiros conseguiram escapar, menos Rafaela e Júlio César. Depois de duas horas de negociação com policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar Paulo Alberto se entregou. Ele tinha uma tesoura com a qual ameaçava os reféns e que, segundo a polícia, pode ter sido comprada neste sábado, já que a embalagem estava no ônibus. Na 39ª DP (Pavuna), para onde foi levado, foi constatado que ele tem cinco passagens pela polícia por furto ou roubo, resistência e uso de material entorpecente .
O capitão Leitão, do Batalhão de Polícia de Vias Especiais (Bpve), disse que aparentemente o sequestrador estava sob efeito de drogas.
Paulo Alberto Ferreira da Silva
(Foto: Divulgação/Polícia Civil)
(Foto: Divulgação/Polícia Civil)
De acordo com a Polícia, 400 agentes, entre policiais militares, do Bope, do BPVE e do Corpo de Bombeiros estiveram no local. O sequestrador tinha uma tesoura que, segundo a Polícia, pode ter sido comprada neste sábado, já que a embalagem foi achada no ônibus.
O trecho da Avenida Brasil que estava interditado foi liberado por volta das 20h, segundo o Centro de Operações da Prefeitura.
O Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (Bope) que chegou ao local logo após o início do sequestro, negociou com o sequestrador sua rendição. Uma guarnição do Corpo de Bombeiros, por prevenção, também estava na região.
Homens da equipe de negociação do Bope conversaram com o sequestrador pela janela do ônibus. Às 18h50, segundo a polícia, 28 agentes estavam no local acompanhando a negociação. Por conta da faixa interditada, o engarrafamento chegou a Irajá.
Ônibus 174
No dia 12 de junho de 2000, às 14h20, Sandro do Nascimento, entrou no ônibus 174, armado. A polícia logo cercou o ônibus na Rua Jardim Botânico, na Zona Sul do Rio. Sandro manteve dez reféns dentro do ônibus. Atirou contra policiais, exigiu armas e um motorista para fugir.
O sequestrador simulou matar uma estudante. Apontou a arma para uma passageira durante duas horas e fazia ameaças : "Delegado, já morreu uma, vai morrer outra".
Depois de quatro horas e meia de tensão, Sandro do Nascimento desceu do ônibus, usando como escudo uma passageira, a professora Geisa Gonçalves. Um soldado atirou. O sequestrador reagiu.
A tragédia do 174 virou documentário e teve repercussão internacional. O filme lembrava que Sandro do Nascimento tinha sobrevivido à chacina da Candelária. Na chacina, no dia 23 de julho de 1993, 8 menores de rua foram assassinados. Seis policiais militares foram julgados pelas mortes. Três foram condenados e três, absolvidos. O ônibus 174 fazia a linha Gávea-Central, e tinha saído do ponto final, próximo à Favela da Rocinha.
A Avenida Brasil fechada para o trânsito com o ônibus parado (Foto: Luiz Sou
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