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segunda-feira, 12 de maio de 2014

Refém de sequestro no Rio ligou para pai, mas ele achou que era trote

Rafaela, feita refém num ônibus, telefonou cinco vezes pedindo socorro.
Homem que manteve passageira e motorista no veículo foi preso.

Do G1 Rio
 
Rafaela Lobo, que foi feita refém (Foto: Fernanda Rouvenat/G1) 
Rafaela Lobo, que foi feita refém
(Foto: Fernanda Rouvenat/G1)
 Rafaela Lobo, a jovem de 17 anos que foi feita refém dentro de um ônibus da linha 723 junto com o motorista, Júlio César Pereira, na tarde deste sábado (10) telefonou cinco vezes para o pai pedindo socorro, avisando sobre o sequestro, mas em todas ele desligou. Na 39ª DP (Pavuna), para onde os reféns e o sequestrador Paulo Alberto Ferreira da Silva, de 32 anos, foram levados ao fim do sequestro, o próprio pai de Rafaela, Jorge Luís, confirmou que achou que se tratava de um trote. Somente quando recebeu ligações de amigos é que acreditou que a filha estava em situação perigosa.
Rafaela mora em Anchieta, no subúrbio, e estava voltando do curso de inglês, em Vila Valqueire, na Zona Oeste, segundo contou o pai. Os reféns não se feriram.
Paulo Alberto, morador da Mangueira, na Zona Norte, sequestrou um ônibus e fez a passageira e o motorista reféns na tarde deste sábado. Ele tentava assaltar o ônibus, mas policiais que faziam o patrulhamento da Avenida Brasil notaram a movimentação suspeita e interceptaram o veículo na altura do shopping Guadalupe, no subúrbio.
Os passageiros conseguiram escapar, menos Rafaela e Júlio César. Depois de duas horas de negociação com policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar  Paulo Alberto se entregou. Ele tinha uma tesoura com a qual ameaçava os reféns e que, segundo a polícia, pode ter sido comprada neste sábado, já que a embalagem estava no ônibus. Na 39ª DP (Pavuna), para onde foi levado, foi constatado que ele tem cinco passagens pela polícia por furto ou roubo, resistência e uso de material entorpecente .
O capitão Leitão, do Batalhão de Polícia de Vias Especiais (Bpve), disse que aparentemente o sequestrador estava sob efeito de drogas.

Paulo Alberto Ferreira da Silva (Foto: Divulgação/Polícia Civil) 
Paulo Alberto Ferreira da Silva
(Foto: Divulgação/Polícia Civil)

De acordo com a Polícia, 400 agentes, entre policiais militares, do Bope, do BPVE e do Corpo de Bombeiros estiveram no local. O sequestrador tinha uma tesoura que, segundo a Polícia, pode ter sido comprada neste sábado, já que a embalagem foi achada no ônibus.
O trecho da Avenida Brasil que estava interditado foi liberado por volta das 20h, segundo o Centro de Operações da Prefeitura.
O Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (Bope) que chegou ao local logo após o início do sequestro, negociou com o sequestrador sua rendição. Uma guarnição do Corpo de Bombeiros, por prevenção, também estava na região.
Homens da equipe de negociação do Bope conversaram com o sequestrador pela janela do ônibus.  Às 18h50, segundo a polícia, 28 agentes estavam no local acompanhando a negociação. Por conta da faixa interditada, o engarrafamento chegou a Irajá.
 
Ônibus 174

No dia 12 de junho de 2000, às 14h20, Sandro do Nascimento, entrou no ônibus 174, armado. A polícia logo cercou o ônibus na Rua Jardim Botânico, na Zona Sul do Rio. Sandro manteve dez reféns dentro do ônibus. Atirou contra policiais, exigiu armas e um motorista para fugir.
O sequestrador simulou matar uma estudante. Apontou a arma para uma passageira durante duas horas e fazia ameaças : "Delegado, já morreu uma, vai morrer outra".
Depois de quatro horas e meia de tensão, Sandro do Nascimento desceu do ônibus, usando como escudo uma passageira, a professora Geisa Gonçalves. Um soldado atirou. O sequestrador reagiu.
 
 
Os tiros atingiram apenas a professora, que morreu. Dominado por policiais, Sandro do Nascimento foi levado para um carro da PM. Chegou morto ao hospital. Segundo a perícia, ele foi asfixiado. Em 2002, três PMs foram absolvidos da acusação de matar o sequestrador.
A tragédia do 174 virou documentário e teve repercussão internacional. O filme lembrava que Sandro do Nascimento tinha sobrevivido à chacina da Candelária. Na chacina, no dia 23 de julho de 1993, 8 menores de rua foram assassinados.  Seis policiais militares foram julgados pelas mortes. Três foram condenados e três, absolvidos. O ônibus 174 fazia a linha Gávea-Central, e tinha saído do ponto final, próximo à Favela da Rocinha.

A Avenida Brasil fechada para o trânsito com o ônius parado (Foto: Luiz Souza) 
A Avenida Brasil fechada para o trânsito com o ônibus parado (Foto: Luiz Sou

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