Estimativa é do governador de Rondônia, Confúcio Moura.
Plano de Reconstrução e Prevenção de Desastre está sendo elaborado.
Plano de reconstrução das áreas atingidas pela cheia em Rondônia começa a ser elaborado
(Foto: Ivanete Damasceno/G1)
(Foto: Ivanete Damasceno/G1)
O governador de Rondônia,
Confúcio Moura, informou nesta quinta-feira (8) que a recuperação total
das áreas atingidas pela cheia do Rio Madeira deve levar de 5 a 10 anos
para ser concluída. A declaração foi feita na abertura do workshop
realizado hoje, em Porto Velho, para a elaboração do Plano Integrado de
Reconstrução e Prevenção de Desastres do estado. Cerca de 100 entidades,
entre governos estadual e municipais, Defesa Civil, Judiciário,
instituições bancárias e representantes da sociedade, participam do
evento.
Mais de cem entidades, entre governos estadual,
municipais e sociedade civil, discutem plano de
reconstrução (Foto: Ana Fabre/G1)
municipais e sociedade civil, discutem plano de
reconstrução (Foto: Ana Fabre/G1)
Confúcio Moura explicou que a recuperação já teve início com o
atendimento às pessoas afetadas e continua com o planejamento para novas
habitações; elaboração de estudos e projetos de orlas e proteções das
áreas atingidas; reconstrução de rodovias e pontes; remanejamento de
empresas de gás e de petróleo, ou a construção de proteções nesses
locais; e produção de estudos ambientais e projetos executivos de
engenharia. “Isso não se faz de uma hora para outra. A reconstrução
começa agora, mas a conclusão dela pode levar entre 5 e 10 anos,” afirma
o governador.
A enchente em Rondônia atingiu, principalmente, os municípios do Porto Velho,
Nova Mamoré e Guajará-Mirim e afetou cerca de 97 mil pessoas, sendo que
35 mil estão desabrigadas ou desalojadas. Os custos para a recuperação
total dos locais afetados são estimados em R$ 4,2 bilhões. O
planejamento de reconstrução é uma exigência do governo federal para a
liberação dos recursos em regime de urgência, uma vez que foi decretada
calamidade pública tanto no estado, quanto na capital. Por lei, o prazo
para apresentação do plano ao governo federal é de 90 dias após a
publicação do decreto de calamidade. Para Porto Velho, o decreto foi
publicado em 27 de fevereiro e, para o Estado, o decreto saiu em 29 de
abril.
Além da disponibilização de recursos federais, quando há decreto de
calamidade, as Leis da Licitação (8.666/93) e de Responsabilidade Fiscal
(101/2000) são flexibilizadas. Com isso, ficam permitidas as
contratações diretas, sob um rito de transparência e menor preço, e os
processos de compras e execução são agilizados.
Segundo o prefeito de Porto Velho, Mauro Nazif, até o momento, o
município não recebeu qualquer recurso da União. “Estamos trabalhando
dentro de nossas próprias forças. Esperamos conseguir recursos para
realizar obras grandes e importantes, como a macrodrenagem de Porto
Velho e o muro de contenção”, diz Nazif.
Para o senador Valdir Raupp (PMDB-RO), a liberação dos recursos será
mais rápida, se o diálogo com o governo federal for ágil. “É comum
vermos, mesmo em situação de emergência e calamidade, a demora de um ano
na liberação de recursos. A palavra de ordem dos governos do estado e
dos municípios e da Defesa Civil deve ser rapidez”, afirmou o
parlamentar, ponderando, no entanto, que, uma vez garantidas as verbas, é
preciso executar efetivamente as obras. “Conheço casos aqui em Rondônia
de projetos que já têm 4 anos e não são concluídos, como o saneamento
de Porto Velho que tem R$ 700 milhões à disposição e não há execução
alguma”, destacou.
Planejamento Integrado
A elaboração do Plano Integrado de Reconstrução e Prevenção de Desastres de Rondônia é coordenado pela Secretaria Estadual de Assuntos Estratégicos (Seae). Durante o workshop desta quinta, os participantes estão divididos em cinco oficinas, com os eixos temáticos: meio ambiente, saúde, inclusão social, infraestrutura e estrutura organizacional.
A elaboração do Plano Integrado de Reconstrução e Prevenção de Desastres de Rondônia é coordenado pela Secretaria Estadual de Assuntos Estratégicos (Seae). Durante o workshop desta quinta, os participantes estão divididos em cinco oficinas, com os eixos temáticos: meio ambiente, saúde, inclusão social, infraestrutura e estrutura organizacional.
O objetivo é reunir em um só documento as demandas de todos os setores,
nos âmbitos estadual, municipais e da sociedade civil, para sanar os
danos causados pela cheia. “Se o estado faz um plano, o município faz
outro e as associações e entidades fazem mais um, e os números e
reivindicações não batem, cai por terra todo o trabalho feito”,
argumentou o secretário estadual de Planejamento e de Assuntos
Estratégicos, George Braga.
Elaboração do Plano Integrado deve durar 10 dias
(Foto: Ana Fabre/G1)
(Foto: Ana Fabre/G1)
O prazo estabelecido para a conclusão do Plano Integrado de
Reconstrução e Prevenção de Desastres é de 60 dias, mas o governador
pediu aos participantes que todas as propostas sejam entregues até a
próxima quinta-feira (15), para a consolidação do planejamento e envio à
União.
Desabrigados e desalojados
Conforme explicou o governador de Rondônia, a prioridade do plano de reconstrução deve ser resolver a situação dos desabrigados e desalojados. Uma das soluções já apontadas será destinar 50% das moradias do conjunto habitacional “Orgulho do Madeira”, que está em fase de conclusão, para os atingidos.
Conforme explicou o governador de Rondônia, a prioridade do plano de reconstrução deve ser resolver a situação dos desabrigados e desalojados. Uma das soluções já apontadas será destinar 50% das moradias do conjunto habitacional “Orgulho do Madeira”, que está em fase de conclusão, para os atingidos.
Outra medida será um auxílio de R$ 500 por mês para as famílias que
necessitarem alugar residências. Confúcio informou que o benefício
estará disponível dentro de 10 dias. “Parte desse dinheiro virá dos
recursos do governo federal, parte das próprias prefeituras e parte do
governo do estado. Vamos depositar esse dinheiro em um caixa conjunto,
para o pagamento imediato”, garantiu.
Também será oferecido um subsídio de R$ 800 mensais, pelo período de um
ano, aos desabrigados e desalojados que voltarem para suas moradias,
quando o retorno for autorizado pela Defesa Civil. Metade dos recursos
virá do governo federal e a outra parte do estado e das prefeituras.
“Vamos fazer essa composição, que, a princípio, é uma ideia minha e
ainda será levada aos prefeitos”, explicou o governador.
Nágila Maria perdeu a casa e está abrigada em
escola há 3 meses (Foto: Ana Fabre/G1)
escola há 3 meses (Foto: Ana Fabre/G1)
Nágila Maria é uma das 35 mil pessoas que perderam a casa devido à
cheia. Ex-moradora do distrito de São Carlos, ela está abrigada na
escola Orlando Freire há 3 meses. “Não está sendo nada fácil. Nós somos
muito humilhados pelos pais, alunos e professores, porque eles querem o
retorno das aulas”, disse Nágila, que é membro da Comissão Permanente
dos Atingidos pela Cheia do Rio Madeira e está participando do workshop
para elaboração do Plano Integrado.
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