Mercado financeiro prevê, pela 1ª vez, retração do PIB também em 2016
Os economistas do mercado financeiro acreditam que a economia
brasileira vai demorar mais tempo para se recuperar. Segundo o relatório
de mercado, também conhecido como Focus, divulgado nesta segunda-feira
(17), o Produto Interno Bruto (PIB) deverá "encolher" não somente neste
ano, mas também em 2016. Foi a primeira vez que o mercado previu o PIB
se retraindo no ano que vem.
Se a previsão se concretizar, será a primeira vez que o país registra
dois anos seguidos de contração na economia – a série histórica oficial,
do IBGE, tem início em 1948.
ESTIMATIVAS PARA O PIB 2016
Em %
Fonte: BCB
Para o comportamento da economia neste ano, os analistas passaram a
estimar, na semana passada, uma retração de 2,01%. Foi a quinta queda
seguida deste indicador. Até então, a expectativa do mercado era de um
recuo de 1,97% para o PIB de 2015. Se confirmado, será o pior resultado
em 25 anos, ou seja, desde 1990 – quando foi registrada uma queda de
4,35%.
Para 2016, os economistas das instituições financeiras passaram a
prever uma contração de 0,15% no Produto Interno Bruto do país. Na
semana anterior, haviam estimado um PIB zero. Para se ter uma ideia, no
início deste ano, a previsão dos economistas era de uma expansão de 1,8%
para a economia brasileira no ano que vem. O relatório de mercado é
fruto de pesquisa do BC com mais de 100 instituições financeiras.
ESTIMATIVAS PARA O PIB 2015
Em %
Fonte: BCB
O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos em território
brasileiro, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e
serve para medir o comportamento da economia brasileira.
No fim de maio, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) informou que a economia brasileira registrou queda de 0,2% no
primeiro trimestre de 2015, puxada pelo desempenho negativo do setor de
serviços e da indústria, bem como pelo recuo do consumo das famílias e
dos investimentos. Neste início de ano, o que evitou um tombo ainda
maior do PIB foi a agropecuária.
Inflação
Para a inflação oficial do país, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a previsão do mercado financeiro ficou estável em 9,32% na semana passada. Se confirmado, será o maior índice em 13 anos, ou seja, desde 2002 – quando somou 12,53%.
Para a inflação oficial do país, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a previsão do mercado financeiro ficou estável em 9,32% na semana passada. Se confirmado, será o maior índice em 13 anos, ou seja, desde 2002 – quando somou 12,53%.
Segundo economistas, a alta do dólar e principalmente dos preços
administrados (como telefonia, água, energia, combustíveis e tarifas de
ônibus, entre outros) pressiona os preços em 2015. Além disso, a
inflação de serviços, impulsionada pelos ganhos reais de salários, segue
elevada.
ESTIMATIVAS PARA O IPCA 2015
subtítulo
Fonte: BCB
Para 2016, a expectativa de inflação do mercado subiu de 5,43% para
5,44% na última semana. Foi a segunda alta consecutiva da previsão do
mercado financeiro para o IPCA do ano que vem.
Pelo sistema que vigora no Brasil, a meta central para 2015 e 2016 é de
4,5%, mas, com o intervalo de tolerância existente, o IPCA pode oscilar
entre 2,5% e 6,5%, sem que a meta seja formalmente descumprida. Com
isso, a inflação deverá superar o teto do sistema de metas em 2015, algo
que não acontece desde 2003.
Taxa de juros
Após o Banco Central ter subido os juros para 14,25% ao ano no fim de julho, o maior patamar em nove anos, o mercado manteve a estimativa de que não devem ocorrer novos aumentos de juros em 2015. Para o fim de 2016, a estimativa recuou de 12% para 11,88% ao ano - o que pressupõe reduções da taxa Selic ao longo do ano que vem.
Após o Banco Central ter subido os juros para 14,25% ao ano no fim de julho, o maior patamar em nove anos, o mercado manteve a estimativa de que não devem ocorrer novos aumentos de juros em 2015. Para o fim de 2016, a estimativa recuou de 12% para 11,88% ao ano - o que pressupõe reduções da taxa Selic ao longo do ano que vem.
A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para tentar
conter pressões inflacionárias. Pelo sistema de metas de inflação
brasileiro, a instituição tem de calibrar os juros para atingir
objetivos pré-determinados. As taxas mais altas tendem a reduzir o
consumo e o crédito, o que pode contribuir para o controle dos preços.
Câmbio, balança e investimentos
Nesta edição do relatório Focus, a projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2015 subiu de R$ 3,40 para R$ 3,48 por dólar. Para o término de 2016, a previsão dos analistas para a taxa de câmbio avançou de R$ 3,50 para R$ 3,60.
Nesta edição do relatório Focus, a projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2015 subiu de R$ 3,40 para R$ 3,48 por dólar. Para o término de 2016, a previsão dos analistas para a taxa de câmbio avançou de R$ 3,50 para R$ 3,60.
A projeção para o resultado da balança comercial (resultado do total de
exportações menos as importações) em 2015 subiu de US$ 7,70 bilhões
para US$ 8 bilhões de resultado positivo. Para 2016, a previsão de
superávit avançou de US$ 15 bilhões para US$ 15,19 bilhões.
Para este ano, a projeção de entrada de investimentos estrangeiros
diretos no Brasil permaneceu em US$ 65 bilhões. Para 2016, a estimativa
dos analistas para o aporte ficou estável também em US$ 65 bilhões.
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