Informação consta em levantamento elaborado pelo Instituto Trata Brasil.
Há capitais que perdem mais de 70% da água tratada para consumo.
Vazamento de água em rua de São Paulo (Foto: Victor Moriyama/G1)
Em época de seca e escassez de água,
o ranking de saneamento básico divulgado nesta quarta-feira (27) pelo
Instituto Trata Brasil mostra que, das 100 maiores cidades brasileiras,
90 não conseguiram reduzir as perdas de água decorrentes de vazamentos,
erros de medição, ligações clandestinas e outras irregularidades, entre
os anos de 2011 e 2012. Nestas cidades, a redução das perdas foi nula ou
de até 10%.
Os dados do estudo são do Sistema Nacional de Informações sobre
Saneamento (SNIS), do Ministério das Cidades. A última atualização é
referente a 2012.
O ranking considera perda aquela água que foi tratada e fornecida para
consumo, mas que não foi cobrada porque se perdeu em vazamentos, foi
roubada em ligações clandestinas ou teve erros na medição. Sem o retorno
do dinheiro gasto com energia e produtos químicos para tratar a água,
as empresas investem menos na melhoria do sistema.
Segundo o levantamento, em 62 das 100 cidades analisadas, se perdeu
entre 30% e 60% da água tratada para consumo no ano de 2012. Em cidades
como Porto Velho e Macapá, a cada 10 litros de água produzidos, 7 eram
perdidos.
Somente quatro cidades conseguiram manter as perdas abaixo de 15%.
“Isso é preocupante vindo de cidades que têm poder econômico para
resolver essas perdas e que deveriam impulsionar a melhora deste
indicador, que tem uma influência grande na expansão do sistema de
saneamento básico”, afirma o presidente-executivo da Trata Brasil,
Édison Carlos.
Sobre as cidades com perdas acima de 70%, o presidente executivo do
Trata Brasil afirma que o quadro é de “descontrole total”. “Não há
controle de vazão, de pressão das linhas. As perdas são altíssimas”.
A Companhia de Água Esgoto do Amapá (Caesa) contesta o dado do ranking e
afirma que metade da água tratada e consumida pela população da capital
é perdida – o estudo afirma que as perdas são de 73,91%, o maior índice
entre as 100 cidades avaliadas.
A Caesa calcula que deixa de faturar R$ 2,5 milhões mensais com as
pessoas que não pagam tarifas e desperdiçam. Elas são, em sua maioria,
moradores de áreas de periferia que não têm acesso à água encanada,
segundo o diretor-presidente da autarquia, Ruy Smith.
Em Porto Velho, a presidente da Companhia de Água e Esgoto de Rondônia
(Caerd), Iacira Azamor, confirma que há perda de 70% da água tratada na
capital. Segundo ela, um contrato para revitalização da rede de água
visando reduzir as perdas será feito em setembro. A previsão é de que a
obra seja concluída em um ano, reduzindo as perdas para 20%. “Hoje nosso
grande problema são os furtos de água, o que também deve ser resolvido
com esta obra”, afirma Iacira.
Desde 2009, o Instituto Trata Brasil elabora o ranking que avalia as
condições de saneamento básico em 100 cidades brasileiras com mais de
250 mil habitantes. São analisados critérios como rede de fornecimento
de água potável, coleta e tratamento de esgoto, além das perdas de água.
Escassez
O presidente executivo do instituto explica que as perdas refletem diretamente no quadro de escassez, porque quanto mais água se perde, mais do recurso precisa ser retirado da natureza. “Esse problema tem de ser o foco das empresas de saneamento”, afirma Édison Carlos.
O presidente executivo do instituto explica que as perdas refletem diretamente no quadro de escassez, porque quanto mais água se perde, mais do recurso precisa ser retirado da natureza. “Esse problema tem de ser o foco das empresas de saneamento”, afirma Édison Carlos.
Cidade que atualmente enfrenta um longo período de seca, sendo abastecida pelo volume morto de reservatórios, São Paulo teve perda de 36% da água – com nenhuma redução das perdas, se comparado com 2011.
Se foram classificados os 100 municípios por ordem dos que mais perdem água, a capital paulista fica em 57º lugar.
A Sabesp rebateu os dados afirmando que, se considerado apenas os
vazamentos, a empresa tem índices melhores que o de países
desenvolvidos. “Esse indicador era de 20,3% no início de 2014 e já caiu
para 19,8% em junho/2014. Nos melhores sistemas do mundo, como Japão e
Alemanha, as perdas físicas estão em torno de 8%. No Reino Unido são de
16%, na Filadélfia (EUA) são 25,6%, na França, 26%, e na Itália, 29%”,
informou a companhia em nota.
Ranking
Lideram o ranking do saneamento básico das 100 maiores cidades do país Franca (SP), Maringá (PR), Limeira (SP), Santos (SP) e Jundiaí (SP). A maioria das cidades que estão nos 20 primeiros lugares no ranking já universalizaram o abastecimento de água, a coleta e o tratamento de esgoto.
Lideram o ranking do saneamento básico das 100 maiores cidades do país Franca (SP), Maringá (PR), Limeira (SP), Santos (SP) e Jundiaí (SP). A maioria das cidades que estão nos 20 primeiros lugares no ranking já universalizaram o abastecimento de água, a coleta e o tratamento de esgoto.
No outro extremo estão Porto Velho (RO), Ananindeua (PA), Jaboatão dos
Guararapes (PE), Belém (PA) e Macapá (AP), com os piores resultados.
Das 20 cidades com melhor colocação no ranking, 16 estão no Sudeste.
Apenas duas são capitais: Curitiba e Belo Horizonte. Entre as 20 piores
há seis capitais: Porto Velho, Belém, Macapá, Teresina, Manaus e Natal.
Veja o ranking completo aqui.
Metas
Pela primeira vez, o Instituto Trata Brasil fez uma projeção com as 20 piores e as 20 melhores cidades para saber se elas alcançarão a meta do governo de universalização do saneamento básico até 2033 – 92% da população com serviço de coleta e 86% do esgoto tratado.
Pela primeira vez, o Instituto Trata Brasil fez uma projeção com as 20 piores e as 20 melhores cidades para saber se elas alcançarão a meta do governo de universalização do saneamento básico até 2033 – 92% da população com serviço de coleta e 86% do esgoto tratado.
Caso mantenham o ritmo de poucos avanços no setor, 19 das 20 piores
cidades não alcançarão a meta – a exceção é Manaus. Entre as 20
melhores, 14 já atingiram a universalizazção, e outras 6 precisam manter
o ritmo de investimento no saneamento para alcançar a meta do governo
federal.
As 20 melhores e as 20 piores do ranking do saneamento
1- Franca (SP)
2- Maringá (PR)
3- Limeira (SP)
4- Santos (SP)
5- Jundiaí (SP)
6- Uberlândia (MG)
7- São José dos Campos (SP)
8- Sorocaba (SP)
9- Curitiba (PR)
10- Ribeirão Preto (SP)
11- Ponta Grossa (PR)
12- Taubaté (SP)
13- Londrina (PR)
14- Niterói (RJ)
15- São José do Rio Preto (SP)
16- Volta Redonda (RJ)
17- Praia Grande (SP)
18- Belo Horizonte (MG)
19- Uberaba (MG)
20- Piracicaba (SP)
2- Maringá (PR)
3- Limeira (SP)
4- Santos (SP)
5- Jundiaí (SP)
6- Uberlândia (MG)
7- São José dos Campos (SP)
8- Sorocaba (SP)
9- Curitiba (PR)
10- Ribeirão Preto (SP)
11- Ponta Grossa (PR)
12- Taubaté (SP)
13- Londrina (PR)
14- Niterói (RJ)
15- São José do Rio Preto (SP)
16- Volta Redonda (RJ)
17- Praia Grande (SP)
18- Belo Horizonte (MG)
19- Uberaba (MG)
20- Piracicaba (SP)
81- Natal (RN)
82- Manaus (AM)
83- Várzea Grande (MT)
84- Cariacica (ES)
85- Aparecida de Goiânia (GO)
86- Belford Roxo (RJ)
87- Canoas (RS)
88- Juazeiro do Norte (CE)
89- Teresina (PI)
90- São Gonçalo (RJ)
91- Santarém (PA)
92- Gravataí (RS)
93- Duque de Caxias (RJ)
94- São João de Meriti (RJ)
95- Nova Iguaçu (RJ)
96- Macapá (AP)
97- Belém (PA)
98- Jaboatão dos Guararapes (PE)
99- Ananindeua (PA)
100- Porto Velho (RO)
82- Manaus (AM)
83- Várzea Grande (MT)
84- Cariacica (ES)
85- Aparecida de Goiânia (GO)
86- Belford Roxo (RJ)
87- Canoas (RS)
88- Juazeiro do Norte (CE)
89- Teresina (PI)
90- São Gonçalo (RJ)
91- Santarém (PA)
92- Gravataí (RS)
93- Duque de Caxias (RJ)
94- São João de Meriti (RJ)
95- Nova Iguaçu (RJ)
96- Macapá (AP)
97- Belém (PA)
98- Jaboatão dos Guararapes (PE)
99- Ananindeua (PA)
100- Porto Velho (RO)
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