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terça-feira, 26 de agosto de 2014

Quem não se preocupa com gestão quer ser rainha da Inglaterra, diz Dilma

Presidente concedeu entrevista à imprensa no Palácio da Alvorada.
Marina Silva havia dito que o Brasil não precisa de um gerente.

Filipe Matoso Do G1, em Brasília
A presidente Dilma Rousseff durante entrevista na residência oficial do Palácio da Alvorada (Foto: Ueslei Marcelino / Reuters) 
A presidente Dilma Rousseff durante entrevista na residência oficial do Palácio da Alvorada (Foto: Ueslei Marcelino / Reuters)
 
A presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, afirmou nesta segunda-feira (25) que o presidente da República que não se preocupa com gestão “está querendo ser rei ou rainha da Inglaterra”. Dilma convocou jornalistas para uma entrevista coletiva no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência.
Em comício no último sábado (23), em Recife (PE), a candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, afirmou que o Brasil não precisa de um gerente, mas, sim, de “quem tenha visão estratégica”.

“Eu acho que a atividade de presidente da República não é uma atividade que seja lateral ele gerir. É intríseco o presidente da República se preocupar com gestão, porque se ele não se preocupar com a gestão, esse presidente está querendo ser rei ou rainha da Inglaterra”, disse a presidente, sem citar diretamente Marina Silva. Dilma fez a afirmação ao responder a pergunta de jornalista sobre o pagamento em dia de obras de infraestrutura.
Ainda ao falar sobre o assunto, Dilma afirmou que, por não poder ocupar o cargo de rainha da Inglaterra, tem de se “preocupar” com a gestão no país. A presidente destacou ainda que alguns temas técnicos têm sido “politizados” em razão das eleições deste ano. Ela não especificou que temas seriam esses.

‘Polarização’
Questionada por jornalistas sobre se a “polarização” entre PT e PSDB havia mudado com a entrada de Marina Silva (PSB) na disputa presidencial, Dilma não comentou diretamente qual pode ser a diferença no andamento de sua campanha. A candidata afirmou que os programas do governo federal não são conhecidos pela população e que as ações desenvolvidas por sua gestão serão exibidas às pessoas ao longo do processo eleitoral.

Dilma voltou a dizer que o Brasil passou 20 anos sem investir e que nos últimos 12 anos – desde que o PT assumiu a Presidência – o país foi reconstruído. Para a presidente, o Brasil precisa se desburocratizar e passar por “forte mudança”.

"E a minha campanha irá discutir propostas. Eu acredito que tem uma característica central na minha campanha, que é mostrar duas coisas. Vamos mostrar todos os avanços que nós mantivemos e ampliamos no que se refere ao que herdamos do governo Lula e, ao mesmo tempo, mostrar toda a preparação para um novo ciclo de crescimento econômico”, disse a presidente.

Jato usado por Campos
Dilma afirmou que não é tema de seu "profundo interesse" a suspeita da Polícia Federal de caixa dois na aquisição da aeronave em que viajava o então candidato do PSB à Presidência da República Eduardo Campos, revelada pelo jornal "Folha de S.Paulo". Conforme o jornal, agentes constataram que a empresa dona do avião está em recuperação judicial e que teria sido feito um compromisso de compra da aeronave por uma empresa que aparentemente é de fachada. Além disso, segundo o jornal "O Globo", há suspeita de irregularidade na cessão da aeronave para a campanha. Nesta segunda, Marina Silva afirmou que o PSB explicará até esta terça (26) o uso do avião.

“Eu queria dizer que não estou acompanhando isso, e você [jornalista] vai me desculpar, mas não é objeto do meu profundo interesse. Agora, nós que somos candidatos, inexoravelmente temos de dar explicação de tudo”, afirmou.
Debate
Nesta terça, a presidente participará à noite do primeiro debate com candidatos à Presidência, organizado pela TV Band, em São Paulo (SP). Indagada sobre sua preparação, Dilma respondeu que não sabe de tudo, mas que se prepara para responder a qualquer pergunta.

“Eu sempre me preparo para os debates porque acho que é minha obrigação chegar no debate e responder às perguntas o melhor que posso. Eu não sei de tudo, mas procuro me informar o máximo possível porque, é óbvio, como presidente, tenho de dar explicações sobre vários assuntos”, afirmou.

Encontro com a CNBB
Mais cedo, Dilma se reuniu no Palácio do Planalto com o presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Raymundo Damasceno. Segundo a presidente, ela e o cardeal conversaram sobre a reforma política que a candidata do PT defende, por meio de consulta popular. Eles também conversaram, segundo Dilma, sobre a campanha que a entidade faz para arrecadar assinaturas e levar ao Legislativo proposta para a reforma.

Dilma disse a jornalistas, na residência oficial, que o encontro com Dom Raymundo serviu para que o governo federal pudesse “agradecer” a Igreja Católica por atuar em parceria na construção de cisternas no Nordeste brasileiro.
‘Júpiter’
Em momento descontraído da entrevista, Dilma relatou aos jornalistas que em conversa com o neto, Gabriel, ouviu dele que ela é de Júpiter e ele, de Saturno. A presidente afirmou que o neto é fã do desenho animado Wall E, que conta a história de um robô enviado à Terra para limpar o lixo produzido pela humanidade.

Na semana passada, Dilma havia sido questionada por jornalistas durante ato em Minas Gerais se as fotos que ela tem costume de tirar com eleitores, conhecidas como ‘selfies’, servem para “humanizá-la”. “Eu sou humana, não marciana”, respondeu a presidente na ocasião.

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