Protótipo da aeronave tripulada está sendo desenvolvido na usina.
Ideia é aproveitar conhecimento para outros projetos de veículos elétricos.
Projeto do primeiro avião elétrico tripulado brasileiro terá investimentos de R$ 1 milhão (Foto: Fabiula Wurmeister/G1)
O primeiro avião elétrico tripulado do Brasil deve fazer seu voo
experimental de estreia entre outubro e novembro de 2014, preveem os
especialistas do Projeto Veículo Elétrico (VE) desenvolvido pela
hidrelétrica de Itaipu. Quando estiver pronta, a aeronave pesará 650 kg e
terá autonomia de uma hora de voo – o equivalente a 200 km, com
velocidade máxima de 340 km/h. No total, será investido R$ 1 milhão nas
pesquisas.
O protótipo, com capacidade para duas pessoas, chegou ao Centro de
Pesquisa, Desenvolvimento e Montagem de Veículos Movidos a Eletricidade,
em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, no dia 22 de agosto.
O desenvolvimento do projeto é em parceria com a ACS Aviation, de São
José dos Campos (SP), e inclui a adaptação do modelo monomotor ACS 100
Sora a combustão para a versão elétrica, além da troca de conhecimento
em tecnologia de materiais mais leves e resistentes – uma das soluções
encontradas na aeronáutica para a necessidade de se reduzir peso sem
perder resistência. Estão sendo desenvolvidos ainda estudos para a
otimização das baterias.
“Em um veículo elétrico, seja ele um triciclo, um automóvel de passeio
ou um caminhão, o peso é determinante, da mesma forma que a densidade
energética das baterias”, afirma o coordenador brasileiro do Projeto VE,
Celso Novais.
Ao mesmo tempo, observa o engenheiro, há também outras necessidades
como estações de recarga e a busca por soluções para as baterias terem
uma vida útil mais longa. “Como trabalhamos com tecnologias novas, às
vezes precisamos projetar desde um parafuso até estruturas maiores, como
um depósito de energia. Por isso, mais do que desenvolver os veículos
elétricos, a proposta é identificar possíveis fornecedores brasileiros
destes insumos e repassar a eles este conhecimento”, explicou Novais.
Zaramella prevê que modelo terá apelo comercial quando
tiver maior autonomia (Foto: Fabiula Wurmeister/G1)
Modelotiver maior autonomia (Foto: Fabiula Wurmeister/G1)
Com quase 90% concluído, o modelo elétrico batizado de Sora-e vai carregar um motor elétrico duplo, fabricado na Eslovênia, com potência máxima de 140 kW, e um conjunto com seis packs de baterias.
A estrutura é feita com fibra de carbono, e o painel terá tela com tecnologia touch screen. “Toda a parte estrutural está pronta, e o motor, instalado. Faltam as baterias e a hélice, que virá dos Estados Unidos, fabricada especialmente para o modelo”, disse o presidente da ACS, Alexandre Zaramella.
“A dificuldade neste projeto é que estamos desenvolvendo algo totalmente novo na área da aeronáutica. No futuro, todo esse trabalho, o histórico, as anotações técnicas, servirão como base para a certificação de outros veículos aéreos elétricos”, afirmou ao reforçar que o modelo ainda não tem apelo comercial por causa da baixa autonomia.
“Acreditamos que com o desenvolvimento da tecnologia das baterias, no prazo entre cinco e dez anos, teremos um modelo que atenda as necessidades do mercado, da mesma maneira que estamos vendo na indústria automobilística”, completou Zaramella.
Desenvolvimento
Iniciado em 1996, o Projeto VE de Itaipu tem entre os modelos já desenvolvidos carros de passeio, caminhão, micro-ônibus e patinetes. Estão em andamento projetos de ônibus híbrido etanol e Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).
"Desde o primeiro veículo que fabricamos aqui, a tecnologia foi passando de um para o outro, sempre com o propósito de gerarmos mobilidade elétrica, já que o Brasil é um país privilegiado na sua matriz energética, em grande parte renovável e limpa. Além do acesso ao combustível, neste caso a energia elétrica, outra vantagem é a emissão zero de gases poluentes", afirmou o coordenador do projeto.
Projeto Veículo Elétrico é desenvolvido pela hidrelétrica de Itaipu desde 1996 (Foto: Fabiula Wurmeister)
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