Dona de casa tem várias deformações na face e é alvo de preconceito.
Após repercussão da história, moradora do litoral de SP ganhou tratamento.
A dona de casa Luciene Anselmo de Faria, de 26 anos, moradora de Peruíbe,
no litoral de São Paulo, passará por vários procedimentos cirúrgicos
para reconstruir a face. Alvo de preconceito desde a infância por causa
da fisionomia, a jovem tem graves problemas na mandíbula e nasceu sem
uma das orelhas. Após ver sua história divulgada pela internet, Luciene
ganhou todo o material, estrutura e profissionais necessários para
realizar as cirurgias que precisa para resolver os problemas de saúde
decorrentes das deformidades. Com as novidades, ela acredita que ficará
mais bonita, conseguirá arranjar um emprego e terá mais qualidade de
vida.
Luciene conversou com o G1 em outubro de 2013
e relatou seu problema. Por causa de uma malformação na mandíbula, o
rosto da dona de casa é torto. A jovem consegue comer, mas, como respira
apenas pela boca, às vezes sente falta de ar. Além disso, nasceu sem
uma das orelhas e não escuta do lado direito.
O professor e diretor-científico da Associação dos Dentistas de Santos,
Wagner Nascimento, levou o caso de Luciene para os dentistas Almir Lima
Jr., Marcelo Quintela e Alessandro Silva, especialista em cirurgia
bucomaxilar. Os profissionais analisaram a situação da jovem, mas, para
resolver o problema dela, faltavam profissionais, materiais e estrutura
física para que as cirurgias fossem feitas gratuitamente, já que a
mulher não tem condições financeiras de pagar por todos os
procedimentos.
Almir, Quintela, Luciene e Alessandro após uma
consulta (Foto: Almir Lima Jr./Arquivo pessoal)
consulta (Foto: Almir Lima Jr./Arquivo pessoal)
Lima e Quintela, junto com estudantes da disciplina de genética da
Faculdade de Medicina da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes),
fizeram uma pesquisa. Eles descobriram que Luciene tem uma síndrome rara
que deu origem a uma "microssomia hemifacial" (malformação e
deficiência no crescimento da mandíbula).
"Quando você fala em osso maxilar, são dois. A maxila, que é a parte de
cima, e a mandíbula, a de baixo. Ela tem a maxila normal; o que afetou
foi a mandíbula dela, a parte de baixo do lado direito", explica
Quintela.
Luciene começou a fazer tratamento gratuito em
universidade de Santos (Foto: Mariane Rossi/G1)
universidade de Santos (Foto: Mariane Rossi/G1)
Luciene começou a fazer um tratamento ortodôntico pré-cirúrgico, que
está sendo realizado por dentistas e professores da Unimes, sem custos.
"Vamos deixar os dentes dela na melhor posição possível para fazer a
cirurgia", conta Lima Jr. Para isso, a paciente terá que se submeter a
dois processos cirúrgicos. No primeiro, será colocado um parafuso para
fazer crescer a mandíbula do lado direito. Depois, a jovem deve
continuar o tratamento ortodôntico para fazer o outro procedimento. A
segunda operação servirá para encaixar a parte de cima com a de baixo e
colocar uma prótese na "cabeça" da mandíbula.
As cirurgias só poderão ser feitas porque, após a divulgação do caso, Luciene recebeu ajuda de profissionais e desconhecidos de várias partes do Brasil. Ela ganhou o tratamento ortodôntico pré-cirúrgico, as operações em São Paulo, todo o material cirúrgico (que inclui as placas metálicas que serão colocadas no maxilar e uma prótese da cabeça da mandíbula, que custa cerca de R$ 30 mil) e o acompanhamento com uma fonoaudióloga. Além disso, ganhou uma operação plástica para reconstruir a orelha, o que poderá ser feito após os procedimentos odontológicos.
As cirurgias só poderão ser feitas porque, após a divulgação do caso, Luciene recebeu ajuda de profissionais e desconhecidos de várias partes do Brasil. Ela ganhou o tratamento ortodôntico pré-cirúrgico, as operações em São Paulo, todo o material cirúrgico (que inclui as placas metálicas que serão colocadas no maxilar e uma prótese da cabeça da mandíbula, que custa cerca de R$ 30 mil) e o acompanhamento com uma fonoaudióloga. Além disso, ganhou uma operação plástica para reconstruir a orelha, o que poderá ser feito após os procedimentos odontológicos.
O dentista Marcelo Quintela acompanha o caso
da jovem de Peruíbe (Foto: Mariane Rossi/G1)
da jovem de Peruíbe (Foto: Mariane Rossi/G1)
Segundo Quintela, as cirurgias são difíceis, mas fundamentais para
resolver os problemas funcionais dela. “Ela vai parar de roncar, ter
apneias noturnas, vai melhorar a postura, vai mastigar direito, respirar
pelo nariz”, diz. Além disso, o dentista fala que Luciene terá mais
qualidade de vida. “Vai mudar a autoestima dela. Ela vai conseguir
arrumar um trabalho. As pessoas pensam que ela tem problema mental, mas
ela não tem”, crava Quintela.
Discriminação
Luciene lembra que sempre foi motivo de brincadeiras e muito preconceito. Quando começa a recordar alguns casos, não consegue conter as lágrimas. O marido, o borracheiro Jonis de Souza, tenta acalmá-la e diz que vê, no dia a dia, o quanto ela é discriminada. "Ela não consegue arrumar serviço. O pessoal chama ela de feia, de monstro. Só ela que sabe o que passa. Isso acontece desde que ela era criança", afirma.
Depois que o casal soube que Luciene poderia fazer as cirurgias e melhorar sua aparência física e estrutural, os dois acreditam que muitas dificuldades vão deixar de existir. "Estou muito feliz por isso, não esperava. Eu já tinha ido a vários lugares, mas o tratamento sempre parava no meio. Há 26 anos, eu estou assim. Isso vai mudar o meu dia a dia", destaca a jovem.
Luciene lembra que sempre foi motivo de brincadeiras e muito preconceito. Quando começa a recordar alguns casos, não consegue conter as lágrimas. O marido, o borracheiro Jonis de Souza, tenta acalmá-la e diz que vê, no dia a dia, o quanto ela é discriminada. "Ela não consegue arrumar serviço. O pessoal chama ela de feia, de monstro. Só ela que sabe o que passa. Isso acontece desde que ela era criança", afirma.
Depois que o casal soube que Luciene poderia fazer as cirurgias e melhorar sua aparência física e estrutural, os dois acreditam que muitas dificuldades vão deixar de existir. "Estou muito feliz por isso, não esperava. Eu já tinha ido a vários lugares, mas o tratamento sempre parava no meio. Há 26 anos, eu estou assim. Isso vai mudar o meu dia a dia", destaca a jovem.
Luciene e o marido após uma consulta odontológica (Foto: Mariane Rossi/G1)
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