Paulo de Tarso Jr./Imirante Esporte
Atleta olímpica, maranhense Sílvia Helena crê em medalha na Rio 2016.
SÃO LUÍS – O Imirante Esporte
continua sua série de entrevistas exclusivas com os atletas maranhense
que defenderam o Brasil em alguma edição dos Jogos Olímpicos e que irão
disputar a edição de 2016 no Rio de Janeiro. Ana Paula (handebol), José Carlos Moreira (atletismo),
Phillip Morrison (natação) foram alguns dos atletas já entrevistados.
Agora, chegou a vez de Sílvia Helena, ex-jogadora da Seleção Brasileira
de Handebol, que disputou a edição de 2012 das Olimpíadas, em Londres.
Dona
de incontáveis títulos pelo mundo afora, Sílvia Helena fez parte da
geração que começou a transformar o Brasil em uma potência nos últimos
anos, culminando com o título mundial em 2013.
Agora mãe, Sílvia Helena, que defendeu a Seleção Brasileira por mais de uma década, conta, com exclusividade ao Imirante Esporte,
as dificuldades vivenciadas ao longo da carreira, palpita sobre as
chances de ouro para as meninas do Brasil na Olimpíada do Rio de Janeiro
e aposta todas as suas fichas no sucesso de Ana Paula na Rio 2016.
Confira, abaixo, a entrevista completa.
IMIRANTE.COM: Sílvia, você começou no handebol ainda criança e não demorou muito para sair de São Luís. O que o handebol significou para você?
SÍLVIA HELENA:
O handebol foi tudo para mim porque tudo o que eu tenho foi graças ao
handebol. Eu comecei a jogar desde os 14 anos e dediquei toda a minha
vida para o handebol. Tanto que parei só para ter a minha filha no ano
passado. Conheci muitos países, muitas culturas, morei dez anos fora do
Brasil, fiz muitas amizades, aprendi outros idiomas e então sou muito
agradecida ao handebol.
IMIRANTE.COM: Você é uma
atleta vitoriosa, possui títulos em todos os lugares que jogou. Ao olhar
a todas estas conquistas, como você analisa esta sua trajetória? Você
sente que faltou algo a ser conquistado? E destas medalhas todas, qual
foi a que mais te marcou?
SÍLVIA HELENA: Em
termos de handebol, eu conquistei quase tudo porque eu joguei todos os
campeonatos que um atleta almeja jogar. Não posso falar que me faltou
algo. O que me faltava era minha filha e hoje ela está aqui. Mas sobre
as medalhas, todas para mim são importantes. Todas têm uma lembrancinha
que me traz um sentimento muito bom. Pra mim são todas importantes e eu
consigo me lembrar de todas quando eu vejo.
IMIRANTE.COM: Aos 14 anos, quando você iniciou no handebol no Colégio Cema, você imaginou que poderia alcançar isso tudo?
SÍLVIA HELENA:
Não. Sair do Maranhão para mim foi difícil porque na minha época não
tinha ninguém que eu me espelhasse. Hoje em dia é totalmente diferente.
As pessoas têm aí a Ana Paula, a Iziane, o China, eu e outros atletas
que saíram do Brasil. Na minha época, não tinha ninguém, então eu não
sabia nada. Eu saí de supetão de São Luís. Fui para Santa Catarina e,
chegando lá, fui para a Seleção Brasileira e, cinco anos depois, fui
para a Europa e, ainda assim, sem ter noção do tão grande que era
aquilo.
IMIRANTE.COM: Como você se definiria dentro de quadra?
SÍLVIA HELENA:
Uma atleta de muita raça, que não tem medo. Pode ter só um segundo,
mas, se a bola vier na minha mão, eu sempre assumia a responsabilidade.
IMIRANTE.COM: Você
integrou a Seleção Brasileira por mais de uma década e ajudou no
crescimento do handebol feminino brasileiro. Até o Brasil ser campeão
mundial em 2013, vocês passaram por algumas dificuldades. O que passa
pela sua cabeça ao lembrar que não foi fácil chegar ao topo do mundo?
SÍLVIA HELENA:
Antigamente, a gente ficava na arquibancada dentro do ginásio. A gente
ia para as fases de treinamento e dormia na arquibancada em um colchão
assim no chão. Agora mudou. Eu consegui viver estas duas fases: tanto a
da pobreza quanto a de depois da vitória, de ficar em hotel, ganhar
tênis, uniforme. Antes, a gente não ganhava nada. Depois, a gente já
ganhava diárias, dinheiro. Consegui ter a minha casa graças ao handebol,
não só pela Seleção Brasileira, mas jogando por outros clubes da
Europa.
IMIRANTE.COM: Como
você analisa esta atual Seleção Brasileira, que foi campeã mundial em
2013 e que, no torneio seguinte (2015), caiu nas oitavas? E qual a sua
análise sobre as Olimpíadas do Rio?
SÍLVIA HELENA:
Mundial é muito difícil. Não tem como você jogar um Mundial e, dois
anos depois, voltar com as mesmas jogadoras e tentar fazer a diferença. É
muito difícil. A base continua igual para as Olimpíadas e eu acredito
no Brasil. Foi feito um grande trabalho naquela época no Hypo (Áustria)
com a maioria das atletas da seleção. A gente aprendeu muito ali. Por
isso, eu acredito na medalha.
IMIRANTE.COM: O que
o público maranhense e brasileiro pode esperar da maranhense Ana Paula,
que hoje é considerada uma das melhores jogadoras do mundo? Como
definir sua ex-companheira de Seleção Brasileira?
SILVIA HELENA:
A gente sempre falava para que ela pudesse jogar para a equipe e não só
para ela. Jogar também para ela e fazer a equipe jogar. Isso vai ajudar
muito porque a Ana Paula é uma grande jogadora. A Ana Paula é a
jogadora que faz a diferença na Seleção Brasileira.
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