Mais de 700 casos de violência sexual contra crianças e adolescentes no MA
Thiago Bastos / O Estado
Dado
é da Associação dos Conselhos e Conselheiros Tutelares do Maranhão e se
refere às ocorrências registradas de 2014 até a atualidade; na maioria
dos casos, os acusados são membros da família da vítima
O
futuro em perigo. De 2014 até hoje, mais de 700 casos de violência
sexual contra crianças e adolescentes no Maranhão foram registrados. De
acordo com a Associação dos Conselhos e Conselheiros Tutelares do
estado, na maioria das ocorrências os autores são integrantes da família
das vítimas.
Ainda segundo a associação, os autores dos crimes
se aproveitam do contato próximo com as jovens vítimas para lesá-las
física e psicologicamente. Entre o público, cuja ocorrência deste tipo
de ocorrência é mais comum, estão crianças e adolescentes de 2 a 14
anos. “Há uma aproximação, que inicia-se de forma sutil e, em seguida,
ocorre a consumação do crime”, disse o presidente da Associação dos
Conselhos e Conselheiros Tutelares do Maranhão, Carlos Sérgio Sousa.
Entre
as formais mais comuns de abuso estão a conjunção carnal (constituída
pela penetração do pênis na vagina ou ânus) ou o toque, que configure
constrangimento, no órgão sexual da vítima. “Uma jovem que, por exemplo,
denuncie que foi apalpada já configura início de investigação contra o
suposto autor”, afirmou Carlos Sérgio Sousa.
Além das sedes dos
conselhos tutelares em São Luís, as denúncias de abuso sexual contra
crianças e adolescentes são recebidas pela Delegacia de Proteção à
Criança e ao Adolescente (DPCA), Ministério Público do Estado (MPMA) e o
Disque 100. “Houve uma elevação no registro de ocorrências pela
ampliação no texto da lei, como por exemplo as regras que preveem em
vários casos, com a mudança da lei, o crime de estupro. Outro fator é a
coragem para denunciar, que está maior”, informou o presidente da
Associação dos Conselhos e Conselheiros Tutelares do Maranhão.
Outra
entidade que fiscaliza a proteção aos mais jovens é o Fundo das Nações
Unidas para a Infância (Unicef). A entidade realiza, periodicamente, uma
série de ações voltadas para a proteção de crianças e adolescentes. “É
preciso que as autoridades pensem mais a respeito e criem políticas
públicas que ampliem a rede de proteção dos nossos jovens”, disse a
coordenadora do Unicef no Maranhão, Eliana Almeida.
Conselhos tutelares cobram oitivas especializadas
Representantes
dos conselhos tutelares do estado do Maranhão cobram do Poder
Judiciário maior facilidade na realização de oitivas especializadas com
crianças. A cobrança – que gerou a campanha “Não se cale, me deixe
falar” - ocorre após decisão proferida pelo juiz Gustavo Henrique
Medeiros, que responde pela Vara Especializada da Mulher. Ele ouviu uma
criança antes de tomar sua decisão sobre um agressor.
A
solicitação por maior “diálogo” entre membros do Judiciário e jovens
vítimas de violência sexual tem como base preceitos constitucionais. De
acordo com o inciso quarto, do artigo 227 da Carta Magna, “a lei punirá
severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do
adolescente”.
Sobre a cobrança dos conselhos, em nota, a
Associação dos Magistrados do Maranhão informou que “a oitiva de
crianças em salas especiais obedece a trâmites definidos por lei”. De
acordo com a entidade, “além da sala de depoimento especial, o Fórum
[de São Luís] dispõe também de espaço apropriado na Divisão de
Psicologia e Serviço Social, para o atendimento das demandas oriundas
das varas de Família e Interdição e Sucessão”.
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